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DIARIO DAS SESSÕES N.° 148
a rapidez — da reanimação conjuntural. E de prever que em 1969 os governos dos diversos países continuarão a adoptar — quer no plano internacional, quer no interno — as medidas de política económica que tendam a reforçar essa base financeira.
2 — A conjuntura na Europa Ocidental
3. A expansão da actividade económica continuou durante os primeiros meses de 1968 na Europa Ocidental, acompanhada de elevações relativamente moderadas dos preços. Recentemente, porém, começaram a notar-se certos indícios de saturação da capacidade de produção, com aceleração das altas de salários e algum agravamento dos custos.
Em particular, no Reino Unido, após a desvalorização de Novembro de 1967 e dadas as expectativas quanto à. subida dos preços e dos impostos, a produção cresceu a ritmo elevado, impulsionada principalmente pelo rápido aumento do consumo privado. Posteriormente, com a redução do poder de compra resultante da subida dos preços, o consumo fixou-se em nível mais -normal.
A produção industrial prosseguiu na generalidade dos países o nítido movimento ascensional verificado durante o 2.° semestre de 1967, em especial na Alemanha Ocidental e no Reino Unido. Ror sua vez, na França a recuperação da actividade que vinha a verificar-se foi interrompida em Maio último por perturbações de natureza política e social. Dada a existência de apreciável margem de capacidade por utilizar na maioria dos sectores, os aumentos de salários resultantes dos acordos realizados não determinaram, todavia, pressões excessivas da procura. Contudo, o desemprego aumentou sensìvelmente nos últimos meses.
Para o conjunto dos países europeus da O. C..D. E. o índice da..produção industrial, corrigido de variações sazonais, acusou no 1.° semestre acréscimo à taxa anual de 4,1 por cento.
Na maioria destes países, a alta dos preços afrouxou ou manteve-se moderada durante a fase de recuperação. Na sequência da desvalorização das respectivas moedas, observou-se, porém, sensível subida do nivel de preços no Reino Unido, na Dinamarca e na Espanha.
4. Na parte final de 1967 e nos primeiros meses de 1968 as taxas de desconto mantiveram tendência para a baixa ou para a estabilidade nos diferentes países. No Reino Unido a taxa de desconto foi elevada em Novembro de 1967 para o nível mais alto dos últimos decénios — 8 por cento—, mas desceu para 7,5 por cento em Março e para 7 por cento em Setembro. No decurso do corrente ano, verificou-se igualmente redução da taxa de desconto oficial na Bélgica, Suécia e Dinamarca.
Tem vindo, aliás, a verificar-se relativa compatibilidade entre os objectivos de ordem interna e externa na orientação da política monetária.
Enquanto no Reino Unido foram adoptadas medidas restritivas tendentes a conter a procura e a corrigir. o desequilíbrio dos pagamentos externos, outros países, cuja balança de pagamentos se apresenta excedentária, particularmente a Alemanha, imprimiram à política monetária uma orientação expansionista.
Por outro lado, no Reino Unido o orçamento para 1968-1969, adoptado em Março, abrange aumentos de impostos, sobretudo de consumo, cujo produto deve atingir 775 milhões de libras no corrente ano. Além disso, foi prevista uma limitação dos aumentos de salários; dividendos e outros rendimentos até ao fim de 1969, bem como uma vigilância dos preços.
Na França, devido aos conflitos já referidos, as autoridades monetárias decidiram no início de Julho elevar a taxa oficial de desconto de 3,5 para 5 por cento, a par da adopção de medidas restritivas no domínio cambial, mas foram igualmente tomadas providências destinadas a aumentar a liquidez bancária. Pela mesma razão, o Governo Francês viu-se forçado a reduzir os encargos fiscais das empresas no orçamento para 1969, indo obter a respectiva contrapartida financeira no agravamento dos impostos sobre particulares, de modo a não elevarão deficit orçamental.
5. No conjunto dos países europeus da O. C. D. E. observou-se em 1967 melhoria do resultado da balança de pagamentos correntes, devido, principalmente, à redução do deficit das transacções comerciais. Por seu turno, os movimentos de capitais exerceram efeito compensador da variação do saldo das operações correntes, pelo que o excedente global de pagamentos dos países da Europa Ocidental não se alterou de modo significativo. Paralelamente, o montante global das reservas oficiais de ouro e divisas: (incluindo as posições' no E. M. I.) ascendeu de 37 318 a 38 791 milhões de dólares no decurso de 1967, descendo para 36 405 milhões no fim de Agosto último. Este comportamento na primeira parte de 1968 foi afectado decisivamente pelas quebras de reservas monetárias sofridas pela França.
6. No 1.° semestre de 1968 as transacções comerciais externas dos países da Europa Ocidental determinaram a formação de deficit análogo ao verificado no período homólogo do ano anterior. Após movimento crescente das trocas na parte final de 1967 e nos primeiros meses de 1968, observou-se no 2.° trimestre estagnação das importações e quebra das exportações, o que se explica em parte pela crise da economia francesa. Apesar desta evolução, os valores das importações e das exportações, corrigidas das variações sazonais, aumentaram no 1.° semestre de 1968, respectivamente, à taxa anual de 6,6 e 11 por cento, em relação ao semestre anterior.
7. A conjuntura na Europa Ocidental será certamente influenciada nos próximos meses pela acção empreendida nos Estados Unidos e no Reino Unido, em particular no domínio da política fiscal e orçamental, para restringir a procura interna. Daí que se tivesse esperado o abrandamento das exportações em vários países continentais da Europa Ocidental. A cadência da expansão económica na parte final de 1968 e no próximo ano depende da forma como a política económica possa compensar, no plano interno, a evolução dos pagamentos externos.
*Nb prosseguimento da rápida expansão observada recentemente, a procura interna deverá, aliás, constituir o elemento dinamizador da produção na maioria dos países, o que poderá implicar a adopção de novas medidas expansionistas.
Na França, a política económica ùltimamente delineada é de feição nìtidamente expansionista, por forma a facilitar a recuperação da actividade económica, bem como a melhoria da balança de pagamentos; note-se, no entanto, que as previsões optimistas não tiveram ainda a confirmação esperada na elevação das cotações dos títulos nas bolsas.
Por seu turno, no Reino Unido a procura interna parece finalmente travada e poderá estabilizar-se no decurso do 2.° semestre de 1968, prevendo-se que venha a ter acréscimo muito moderado nos primeiros meses do pró-