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6 DE DEZEMBRO DE 1968 2743

Estando em funcionamento o Congresso Nacional Brasileiro, esta delegação parlamentar portuguesa deslocou-se a Brasília, onde, depois de gentilmente obsequiada pelo embaixador Amaral Murtinho, chefe do Serviço de Relações com o Congresso Nacional, foi recebida e saudada em termos penhorantemente amigos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sob a alta presidência, respectivamente, de SS. Exas. o Presidente José Bonifácio da Silva e o Presidente Gilberto Marinho.
Em reunião subsequente de mútuo convívio, tivemos ensejo, o Dr. Costa Pimpão, em representação da Câmara Corporativa, e eu próprio, em representação da Assembleia Nacional, de endereçar a todos os nobres membros das duas Casas do Congresso Nacional Brasileiro, as devidas e sentidas «palavras fraternas», como então as classifiquei, «de carinhoso agradecimento, calorosa saudação e emocionante congratulação».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não vou, evidentemente, reproduzi-las aqui. Já estão ditas e era lá, em Brasília, o local adequado para serem proferidas.
Mas quero endereçar deste lugar, aos nossos nobres colegas brasileiros, o testemunho da viva saudade que conservo daqueles gratos momentos de convívio político e amigo, ao mesmo tempo que reafirmo, como lá acentuei, a minha certeza de um Brasil que, «sendo nação grande entre as nações maiores do Mundo, tem condições admiráveis para, se o quiser a valer (e de certo quererá), ser também amanhã potência cimeira entre as mais cimeiras potências mundiais, com legítimos direitos de liderança no concerto universal dos povos».

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Esta grandeza ou a natural aspiração a esta grandeza, que não pode significar tendências isolacionistas, deve ela própria ser incentivo a um profícuo estreitamento das relações luso-brasileiras, para melhor salvaguarda dos superiores interesses das duas nações de língua portuguesa.
O nobre Deputado Getúlio Moura, na eloquente saudação que nos dirigiu e em que me penhorou com amabilíssimas referências pessoais, comungando nos sentimentos acabados de aludir, chegou a preconizar que os Brasileiros sejam considerados como portugueses nascidos no Brasil c os Portugueses como brasileiros nascidos em Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nas minhas palavras de resposta às suas, formulei o voto veemente pela concretização em fórmulas práticas da «comunidade luso-brasileira, até agora mais ideia-sentimento do que ideia-força e cada vez mais carecente de efectiva realização».

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Neste sentido de luminosa fé luso-brasileira, cuja chama talvez um normal convívio interparlamentar dos dois países pudesse ajudar a atear, termino a minha breve intervenção, endereçando daqui as mais afectuosas lembranças aos nossos nobres colegas de Brasília e exclamando, bem do fundo de alma, como o fiz no seu parlamento federal:
Viva o Brasil! Viva Portugal!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Manuel Nazaré: - Pedi a palavra para enviar à mesa a seguinte nota de aviso prévio:
Desejo ocupar-me em aviso prévio, cuja efectivação V. Ex.ª se dignará marcar em próxima oportunidade, do problema da expansão da língua portuguesa em Moçambique.
Considero este tema de primacial importância, na presente oportunidade, porque julgo verdadeiramente preocupante a escassa utilização da língua pátria que continua a verificar-se em populações que ocupam amplas parcelas do território nacional.
Por um lado, como demonstrarei, a difusão da língua portuguesa é pequena entre as populações nativas e, sem uma intensificação apreciável, não atingirá, em tempo útil, o predomínio desejado. Por outro lado, como também espero demonstrar, essa difusão é absolutamente indispensável para uma eficiente promoção cultural, económica e sanitária, bem como para que se consolide uma perfeita noção de conjunto e unidade, nas populações de Moçambique.
Finalmente, concluirei que tal difusão, condicionando um real e generalizado progresso da província de Moçambique, deve ser encarada atentamente pelos poderes governativos e tornar-se objecto de providências urgentes e eficazes.

O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente: No passado dia. 9 de Novembro S. Ex.ª o Prof. Doutor Marcelo Caetano, em significativa romagem de preito filial, visitou as terras de naturalidade de seus pais, nos concelhos de Gois e de Pampilhosa da Serra. A lição dessa visita tive tamanhas repercussões que me permito, como Deputado pelo círculo de Coimbra, assinalá-la nesta Câmara, fazendo-me eco da grande alegria e do profundo reconhecimento das populações visitadas.
Tenho ainda nos olhos e no coração esse espectáculo, belo e ímpar, de pureza, de generosidade, de fraternidade cristã, que foi o encontro do Sr. Prof. Doutor Marcelo Caetano com as populações da serra. Poucas vezes na vida agradeci tão sentidamente a Deus o ter-me dado oportunidade de viver momentos tão inesquecíveis. A simplicidade com que o Sr. Prof. Doutor Marcelo Caetano se identificou com as populações visitadas só poderia encontrar resposta «na generosidade com que estas lhe ofereceram uma hospitalidade onde a maior riqueza é o próprio coração.
Sim, Sr. Presidente, é preciso que se diga e se compreenda que o povo da serra encheu os caminhos ínvios da montanha ou atapetou com flores as ruas das aldeias, espontaneamente, sem interesses premeditados ou qualquer intervenção ou preparação das autoridades administrativas.
O Sr. Prof. Doutor Marcelo Caetano apareceu-lhes como um grande homem, é certo, mas também como um homem simples e bom, que não se poupou aos sacrifícios de uma deslocação penosa para ir ao encontro do povo, do maravilhoso povo da serra, com o qual, no respeito pelas suas virtudes e na saudosa evocação de seus pais, se identifica.
Se acreditamos que os mortos comandam os vivos e rio Além seguem o nosso terreno peregrinar, estou certo de que os anjos tutelares do Sr. Prof. Doutor Marcelo Caetano aceitaram este preito de homenagem filial na comunhão com a terra e o povo que também um dia amaram e serviram intensamente.
Os pais do Sr. Prof. Doutor Marcelo Caetano saíram da serra com a grande saudade e a invencível esperança que ainda hoje acompanham os que a pobreza da terra obriga, a emigrar. E quando em Lisboa, pela honradez, pela inteligência e pelo labor intenso, conheceram o triunfo, nunca esqueceram os conterrâneos mais desfavorecidos, nem tão-