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3432 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 172

remos a viver amanhã sob o império de uma espécie de organização criminosa, tipo Mana, sem que as autoridades se disponham, como, aliás, era seu imperioso dever, a pôr cobro aos seus malefícios terríficos, dos quais seria conveniente expurgar a atmosfera portuguesa.
Consideramos isto uma gravíssima insinuação. E como o ficar calado poderia ser interpretado como solidariedade tácita ao processo infeliz utilizado pelo Sr. Deputado Correia da Cunha, aqui estou para dizer que tal processo o da insinuação não pode deixar de merecer o meu protesto veemente e na mais viva reputei como pedagogia que é a todos os títulos condenável.
Mas então o que é que se reprova? Apenas e só isto: que uma ou outra vez nesta Câmara se procure fazer uso da estratégia de, sob carácter nebuloso e a coberto das imunidades e prerrogativas parlamentares, alguém se entreter a proferir expressões ou frases de mau gosto e de sentido dúbio, contendo insinuações gravíssimas em que se abocanham n honestidade de pessoas que se não indicam e lançando para o ar atoardas e suspeitas destinadas a obter tonitroantes efeitos políticos.

O Sr. Correia da Cunha: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Correia da Cunha: - Sr. Deputado, creio que é sina minha quando profiro de improviso algumas palavras nesta Câmara ter de as justificar mais tarde.

Aceito que, numa interpretação pessoal, tenha visto nelas insinuações que não estavam no meu propósito.

O que já me parece excessiva é a alusão a um contacto pretensamente íntimo com a mafia portuguesa; aí ultrapassa o que é razoável admitir-se neste diálogos.

O Sr. Magalhães Mota: - Muito bem!

O Sr. Correia da Cunha: - Ainda que discordando de muitos de VV. Exas. creio ter já demonstrado não pretender tirar qualquer proveito pessoal das altitudes que assumo. Bem pelo contrário. Não precisei também de ser eleito Deputado para me manifestar, publicamente, contra alguns aspectos da nossa vida pública e as muitas injustiças que continuam a praticar-se na nossa sociedade. O País atravessa um momento demasiado grave para que tais situações possam continuar a admitir-se sem que sejam denunciadas. E este é o lugar próprio para o fazer. Reporto-me, designadamente, aos movimentos ilícitos de capitais que continuam a verificar-se sem que se lhes possa pôr cobro; e penso também, quando refiro o ultramar, em situações de ostentação de riqueza escandalosas, nada condizentes com o clima de guerra, que neste momento todos devíamos vivar.

Foi por sentir tudo isto que tomei a palavra; cada um de nós é livre de fazer a sua própria interpretação. Só vos peço, no entanto, que mito me considerem pior do que sou na realidade. Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado. Só tenho a dizer que lastimo que as palavras tenham atraiçoado o pensamento de V. Ex.ª e aceito a sua explicação.

E assim se faz arrastando consigo preconceitos e as paixões que dominam e turvam a mente, pelo que se minimizam ou exageram as cores do quadro, consoante favorecem ou contrariam o alvo ou alvos que se pretende atingir.

Militando no lodo oposto da barricada em que o Sr. Deputado Correia da Cunha se entrincheira, tenho para mim que a conformidade às autênticas verdades religiosas e políticas deverá constituir paradigma de um escol formado por personalidades que .para todos signifiquem a certeza da superioridade, seja na cultura, seja nos métodos e processos de actuação. Pois que não basta que os princípios sejam bons e as intenções óptimas: indispensável se torna u coerência, e esta não existe sem força moral, sem capacidade de enfrentar os homens e as circunstancias e sem carácter.

E daí que sejamos daqueles que, graças a Deus, pensam que a luz não se deve pôr debaixo do alqueire, mas sim em sítio bem elevado, para que todos o possam ver, sendo ainda preciso que tal luz se conserve acesa, mantenha o seu brilho, pois, coso contrário, confunde-se com as trevas pela insegurança, desconfiança e confusão que provoca.

Mas quanto este processo de actuação é totalmente diferente do procedimento daquele que lança para o ar insinuações ou suspeições mais ou menos vagas, impessoais alusões, frases mascaradas com reticências e eufemismo pela razão de que alguma coisa há a esconder! ...

Quanto este processo de actuação é diferente do procedimento tomado em jeito de quem lança sobre a opinião pública uma granada de mão, que mata eventuais culpados ou até inocentes, ou de quem faça uso da naifa sevilhana para dar uma navalhada anónima, suscitando, deste modo, estados emocionais propícios u intoxicação colectiva e à subversível ...

Vivemos um momento da vida nacional em que a Pátria não permite neutralidade" equívocas nem ambiguidades a nenhum de nós, pelo que são de lamentar todos os rumores- caluniosos e injuriosos postos a correr seja por quem for e mormente por quem tenha responsabilidades políticas e não sinta forças físicas ou morais para demonstrar as graves insinuações à luz meridiana do Sol.

Pois temos para nós que se, se conhecem netos indignos e contrários ao interesse nacional que se denunciem os seus autores, amarrando-os ao pelourinho, para que sejam castigados ou pana seu escarmento e vergonha, se ainda forem capazes de vergonha ou sensíveis ao escarmento.

Mas proferir no seio da Representação Nacional frases bombásticas", perigosamente insinuadoras, que não podem ser aceites de ânimo J e vê, pois quê escondem factos que houve em vista reprovar e individualidades que se querem visar e tudo isto n coberto de uma impunidade-, temos de confessar que não é processo, nem correcto, nem honesto, nem escrupuloso, nem leal.

Antes constitui uma dos técnicas de aviltamento justamente denunciadas entre os mais graves perigos do nosso tempo, em que se procura enfraquecer, com dissolventes e emolientes, as energias morais de que, como nunca, hoje necessitamos.

No meio da confusão e da vertigem da época que vivemos, e verificando as consequências sociais do desenvolvimento tecnológico e os suas impressionantes e constantes mutações, uma constante já foi assinalada pelos sociólogos - a da conquista da segurança.

Para prosseguir final objectivo, a hora tem de ser de acção, e não de paz podre e liberal, pelo que tudo se deve fazer na ofensiva contra os agentes da subversão, em vez de se tentar por todas as formas - directas ou indirectas, claras ou veladas, mas sempre perigosa-