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23 DE MAIO DE 1981 2751

engavetada, as medidas urgentíssimas de transformação fundiária na defesa do futuro odiadas.
Este Governo e esta equipa falam na Europa do Século XX, mas actuam como medievistas retrógrados.
A integração na Europa, já em si difícil para o sector, com a actuação continuada deste Governo transformar-se-á numa catástrofe.
O lema do Ministério da Agricultura parece ser o de quanto pior melhor e estou certo de que se houvesse um prémio pelas asneiras praticadas, Cardoso e Cunha e Goulão recebê-lo-iam por unanimidade e aclamação.
Prepotentes e incapazes, funcionam simplesmente como tiranetes, que impõem aos agricultores uma política económica criminosa socialmente e defendem os interesses de meia dúzia de amigos alentejanos.
Os custos da política de controle da inflação estão na sua grande maioria a serem debitados aos agricultores.
As vítimas escolhidas pela direita são sempre quem menos tem e mais discriminado é.
Tudo o que os agricultores consumiram subiu, em média, três vezes mais do que o que produziram.
Cavaco e Silva, Basílio Horta e Goulão foram uma sombra sinistra na vida dos agricultores do ano passado.
A situação com este Governo piorou e a angústia da sobrevivência é hoje no mundo rural a preocupação dominante de centenas de milhares de agricultores.
De rajada, como que a retirar todo o fôlego aos de melhores pulmões, sobem as rações 40%, os adubos 33%, os pesticidas 25%, o gasóleo 39%, e em contrapartida que preços de garantia impõem aos agricultores?
A batata, pela Portaria n.° 1019/80, de 28 de Novembro, estabelece o preço para a campanha de 1981-1982 entre 5$50 e 7$50, consoante o mês de recepção.
Na campanha de 1980-1981, o preço é de 7$50 o quilograma.
Os agricultores viram, assim, baixar o seu preço de garantia.
Os produtores de suínos, apesar de as rações terem aumentado 40%, viram o preço de intervenção baixar de 85$/kg, em 1980, para 80$/kg, em 1981.
Os vitelos viram o seu preço manter-se, os bovinos adultos subiram 2,7% e os novilhos 5%.
O preço do leite mantém-se, o do azeite sobe 14% , mas a produção diminuiu 35 %, o do vinho sobe 15%, mas a produção baixou 17%, a ervilha mantém o preço de 1980.
Enfim, para este Governo os agricultores não têm estômago nem família. Passa a vida a prometer socorro à situação dramática, mas todos os dias procura asfixiar ainda mais.
Este Governo impõe aos agricultores o espectro da fome e da miséria ou da falência com uma desfaçatez impressionante.
O crédito para capital de maneio sobe, o investimento baixo por esgotamento das economias ou por impossibilidade de fazerem frente às amortizações dos empréstimos, aliás cada vez mais difíceis e de juros insuportáveis para o rendimento da actividade.
A situação no sector adultera-se a uma velocidade tal que os progenitores de tal política procuram já fugir às suas responsabilidades, dando o dito por não dito, como acontece com a CAP.
Esta associação procura agora abandonar o navio que tão orgulhosamente tem comandado.
A credibilidade evaporou-se, a demagogia já não pega, resta abater os seus fiéis servidores e colocarem na rota outra nau que percorra o mesmo caminho.
A direita, ontem como hoje, não renova projectos, abate simplesmente executantes.
Meia dúzia de grandes senhores que controlam a CAP, banqueteados de benesses até ao estonteamento, satisfeitos até à exaustão por Cardoso e Cunha, colocam-se já em posição de poderem controlar a substituição.
Dão à luz do dia um comunicado crítico, convocam uma conferência de imprensa a negaram a paternidade da política seguida e, estou seguro, preparam já a redacção do tradicional cartão de agradecimento aos fiéis serviços prestados.
A hipocrisia farisaica é o que resta a esses senhores, cujo objectivo é somente substituir pessoas desacreditadas e gastas por outras que garantam a continuidade da mesma política e o restabelecimento das mesmas benesses.
A CAP procurará fazer saltar a cabeça de Cardoso e Cunha e substituí-la peta de Goulão. Não pode correr riscos de ser atraiçoada, e este dá garantias mais do que suficientes de ser cordeiro dócil ao serviço da clik.
Nós juntámo-nos ao coro de pedidos de demissão do ministro e secretário de Estado, que vêm de todo o lado, inclusive da AD, mas gostaríamos de saber se os Srs. Deputados da maioria continuam a defender tal equipa e tal política, ou se só defendem a política e já não são solidários com a equipa, ou se já reconhecem o falhanço de uma e de outra.
Os Srs. Deputados da maioria, que sempre nesta Câmara afirmaram total solidariedade para com esta equipa e esta política, ainda não reconheceram o seu total falhanço, apesar de os agricultores se estarem a levantar de norte a sul do País contra ela, e só espero que não acompanhem a hipocrisia da CAP pretendendo continuá-la, substituindo somente um homem da sua confiança, mas já gasto, por um outro seu lacaio.
Os agricultores, esses...

Esgotado o tempo de que o orador dispunha, foi-lhe cortada a palavra pelo controle automático de tempo.

Aplausos do PS, do PCP, da ASDI, da UEDS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Rogério de Brito, que se inscreveu para pedir esclarecimentos, solicitava aos Srs. Presidentes dos Grupos Parlamentares o favor de comparecerem imediatamente no meu gabinete para uma breve reunião, com vista a poder ser votada ainda hoje a composição de comissões que, como os Srs. Deputados sabem, o que terá de ser necessariamente feito na primeira parte da ordem do dia. De forma que, para que isso possa ser decidido a tempo de a votação se fazer ainda hoje, faríamos agora uma reunião res-

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