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278 I SÉRIE - NÚMERO 9

transparência, o Governo escolheu a penumbra. Para quem pretende governar em paz social, o Governo escolheu o conflito. Numa palavra, o Governo optou...
e optou mal.
Parece ter esquecido que o povo português não perdoa a quem o ignora ou dele só se lembra nos períodos eleitorais. A recente lição; eleitoral não pode nem deve ser esquecida pelos políticos responsáveis.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Por tudo quanto foi dito, o PRD não pode deixar de considerar que a actuação do Governo neste caso foi francamente condenável. Nas primeiras medidas que tomou, o Governo votou os partidos ao ostracismo, o que é ainda mais significativo se for tido em conta que o Governo dispôs de condições altamente propícias para o diálogo, no quadro da discussão do seu Programa nesta Assembleia.
O Governo não cumpriu, portanto, as suas promessas de abertura, transparência e, diálogo.,
Pela sua parte, o Partido Renovador Democrático, de acordo com o que tem afirmado, vai fiscalizar a acção governativa de uma forma clara e inequívoca. E gostaria de perguntar, neste momento, qual é, realmente, o caminho que o Governo pretende seguir.

Aplausos do PRD, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.-UEDS): - Sr. Deputado Marques Júnior, antes de mais, permita-me que me associe à homenagem que prestou aos capitães de Abril.
Dito isto, a questão que gostaria de colocar tem a ver um pouco com a perplexidade com que escutei a intervenção que V. Ex.ª produziu. Oito dias depois de ter viabilizado o governo PSD, o PRD vem aqui tentar separar-se, descomprometer-se, da atitude que assumiu e manifestar-se espantado com o comportamento do Governo, que - para usar as palavras do Sr. Deputado - «frustrou as esperanças do povo português, que traiu as promessas eleitorais, que foi francamente condenável na atitude que assumiu».
Ora, não compreendo esta atitude do PRD, que há 8 dias atrás depositava todas as esperanças neste Governo, a ponto de o viabilizar, e que agora vem aqui criticá-lo desta maneira. A mim, este Governo não me causou nenhuma desilusão porque, ao contrário dos senhores, nunca tive ilusões quanto a ele e sempre votei contra ele.
Porém, a questão concreta que gostaria de colocar é a seguinte: perante esta frustração dos anseios do povo português, esta traição às promessas eleitorais e a forma condenável como o Governo está a actuar, vai o PRD - para esclarecer de uma vez por todas a sua própria posição e ao abrigo dos direitos regimentais que lhe cabem - interpelar o Governo para que este explique aqui essas tomadas de posição e os aumentos de preços a fim de saber qual é realmente a sua política económica? Ou, quando não lhe convém, vai, continuar a fingir que não sabe e a assobiar para as árvores, por um lado, e, por outro, vai condenar a política do Governo quando eleitoralmente isso lhe pode convir?
Ao fim e ao cabo, Sr. Deputado, a intervenção que V. Ex.ª produziu e a actuação do Governo levam-me a concluir que tinha razão: o PSD, ao promover agora esta política de aumento de preços imediata para eventualmente durante ò próximo ano não mexer nos preços, com vista às eleições antecipadas,: está a revelar o seu. verdadeiro programa, que é o de governar para as próximas eleições; e o PRD, procurando fazer esquecer que é o responsável número um pela existência do Governo, vem agora aqui tentar demarcar-se das posições do Governo, pensando ele também nas eleições antecipadas.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Marques Júnior, há mais Srs. Deputados inscritos para formular pedidos de esclarecimento. V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Marques Júnior (PRD): - Prefiro responder no fim,: Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado António Capucho.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Deputado Marques Júnior, ouvi com muita atenção a exposição de V. Ex.ª e, como gosto de ser frontal, começarei por dizer que no que toca à questão dos preços, a sua intervenção raiou a demagogia.
Gostaria de parafrasear as oposições no último debate que aqui travamos sobre o Programa do Governo para lhe dizer que, a propósito daquilo que se disse ser a expressão numérica do apoio parlamentar ao Governo, esta revisão de preços significou o menor aumento percentual de sempre.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Ë certo que estes aumentos incidem sobre produtos essenciais, mas também é certo - e isto p Sr. Deputado esqueceu-se de referir T- que, segundo o. compromisso do Governo, estes não voltarão a ser aumentados durante o próximo ano de 1986. Daí que o Sr. Deputado, mesmo que seja muito pessimista, terá de admitir que esta expressão dos. aumentos verificados não só é completamente compatível com a estratégia económica do Governo no sentido de suster a inflação nos 14.%.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ... - compromisso aqui explicitado pelo Governo - como também esta expressão da subida dos preços será certamente inferior ao aumento dos salários e das pensões.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, a revisão da contratação colectiva está, e vai continuar a proporcionar ajustamentos salariais que traduzem melhorias, embora não espectaculares, do poder aquisitivo das classes trabalhadoras e dos pensionistas. Nessa linha, o Sr. Deputado não considera, por exemplo, que o aumento das pensões já decretado pelo Governo se traduz e se continuará a traduzir pela melhoria do poder aquisitivo dos beneficiários e. ainda por cima de forma mais acentuada para aqueles que têm as pensões mais degradadas? Isto por-