O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1336

I SÉRIE - NÚMERO 33

automática, feita em Portugal a partir do fim da Guerra, era, do ponto de vista económico, um processo mais avantajado que este, que agora se iniciou, da transformação de electromecânico em digital.
Quanto ao projecto nacional e aos atrasos que, de facto, existem - e o Sr. Deputado sabe isso bem -, direi que havia a previsão de, no ano de 1986, existirem duas centrais experimentais, uma em Viseu e outra em Braga. As informações de que disponho são de que os atrasos se devem ao próprio desenvolvimento do projecto. Não me surpreende que isso aconteça, mas mantemos como objectivo a existência de duas estações-piloto de trânsito, produto da tecnologia e do know-how nacionais, para vermos como funcionam.
Repito que não basta ver-se se uma solução é tecnicamente viável, é necessário saber-se se, do ponto de vista do fabrico industrial, ela produz ou não um produto economicamente viável. Digo isto porque temos muitos exemplos de elefantes brancos.
O terceiro ponto que queria aqui referir, relativamente à pergunta feita pelo Sr. Deputado Raul Junqueiro, é o atraso de um ano verificado entre o momento em que foi escolhido um sistema e o momento em que foi firmada a encomenda.
De facto, houve algumas surpresas durante esse ano. Por exemplo, houve surpresas para mim, que estou aqui a falar; para outras pessoas, pode não ter havido qualquer surpresa.
Essas surpresas resultaram de uma certa debilidade do fornecedor Centrel.
Todos nós sabíamos que a Centrel, ou seja, o grupo de instalações fabris que fabricava as centrais de instalações electromecânicas tinha problemas importantes e difíceis de gestão industrial, de reconversão; sabíamos que o outro grupo fornecedor, existente em Portugal, tinha adoptado mais cedo uma política de diversificação dos produtos e que se tinha tornado menos dependente dos operadores CTT e TLP.
Sabíamos que, aquele grupo estava mais amarrado aos CTT e que, mais dia menos dia, haveria de chegar o momento em que teriam de ser tomadas certas opções, algumas das quais de ampla repercussão social - e passarei já a esse ponto. Elas vieram à tona de água no dia em que se tiveram de firmar os contratos - pôr o preto no branco - de fornecimento das centrais digitais.
Foi isso que atrasou o processo; foi isso que levou a encontrar algumas soluções de reconversão industrial, que inicialmente não estavam previstas, mas que foram tomadas. Foi isso que permitiu, efectivamente, arrumar esse pacote.
Quanto às perguntas feitas pelo Sr. Deputado Anselmo Aníba1 - e agora toco nesse aspecto -, não tenho a consciência de ter uma grande ligeireza ao falar destes problemas de reconversão industrial.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador:.- E não tenho grande ligeireza porque acredito naquilo que o progresso técnico tem feito pela humanidade. Acredito numa visão de longo prazo e naquilo que o progresso técnico tem feito para a vida de todos nós, aliviando o trabalho de condições penosas, aumentando os nossos padrões de vida.
- Portanto, acredito no progresso técnico: Esse progresso tem que ser controlado e tem as suas crises. Ora, as crises do progresso técnico chamam-se - muitas vezes -

eliminação de postos de trabalho. Mas, numa economia que cresce - e o Sr. Deputado sabe isso tão bem como eu - surgem novos postos de trabalho, às vezes, até dentro da mesma empresa.
Nesta matéria, não sei bem, mas hoje, à volta das centrais telefónicas, entre os CTT e TLP, trabalharão talvez oito mil ou sete mil pessoas - não quero arriscar, mas é um número desta ordem de grandeza. Ora, mais do que isto, em 1947 havia os trabalhadores do sistema manual e o processo foi digerido.
Numa economia que tenha crescimento económico e produza empregos, as operações de reconversão em que há eliminação de postos de trabalho num lado mas que surgem noutro lado, devem ser consideradas operações normais. Por isso, não tenho ligeireza a esse respeito.
Entendo que todos nós devemos fazer um esforço para que a nossa economia não cresça a 0 % - como em determinada altura foi moda ser dito por algumas pessoas e, com certeza, não foi da nossa bancada que isso veio - nem tenha crescimentos negativos ou decréscimos. O fundamental é que a economia cresça, criando postos de trabalho, pois, assim, resolvem-se os problemas.
Quanto a evitar o progresso técnico, conscientemente não sou partidário disso.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Não é isso que está em causa!

O Orador: - Relativamente ao último ponto do inquérito, quero dizer que a referência que aqui fiz quanto ao facto de ainda não estar encerrado o segundo contrato foi a seguinte: o grupo parlamentar da sua bancada, Sr. Deputado Anselmo Aníbal, pôs o problema de um inquérito à aquisição das centrais digitais e eu quis chamar a vossa atenção para o facto de o problema de aquisição ainda não ter terminado. É que o processo da aquisição termina quando se formulam os respectivos contratos ... ou começa, segundo o ponto de vista que quiserem.
Um dos contratos está celebrado, mas o outro ainda não está. Numa altura em que se estão a negociar contratos, o Parlamento, através da comissão parlamentar, ao dar mais elementos para isto e mais elementos para aquilo, etc., etc., pode, eventualmente, complicar isto, de alguma maneira. Digo-o com toda a franqueza, sem segundas intenções e julgo que fui claro a este respeito.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, uma vez que não há mais inscrições, considero encerrado o debate relativo a este pedido de inquérito parlamentar apresentado pelo PCP.
A votação far-se-á na próxima sessão plenária, pelas
18 horas.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, penso que não há oposição por parte de nenhuma bancada