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270 I SÉRIE - NÚMERO 9

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, estão em apreciação.
Gostava apenas de lembrar, perante os Srs. Deputados que hoje se sentam nas bancadas, o papel notável que Alfredo de Sousa aqui desenvolveu na preparação dos textos que estiveram na origem da parte económica da Constituição de 1976 e dar testemunho do modo superior como sempre se relacionou com todos os seus pares, de todas as bancadas.
Homem profundamente inteligente, directo, aberto, muito senhor das suas opiniões e capaz de bater-se por elas com denodo, lisura e lealdade; quem conheceu Alfredo de Sousa e teve o privilégio de com ele trabalhar, mesmo no âmbito político e parlamentar, sabe que é ima figura inesquecível.
Também o conheci muito bem e de perto na actividade partidária, na Comissão Política do PPD de então, onde foi um considerável batalhador pela democracia.
A todos aqueles que lhe pertenciam e a quem ele pertencia, a todos aqueles que o acompanharam de perto, ao longo da vida, apresento as minhas sinceras condolências pessoais.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Conheci o Professor Alfredo de Sousa há cerca de 25 anos em Económicas, no velho ISCEF, era ele um jovem professor e eu um estudante universitário. Viviam-se momentos difíceis mas muito entusiasmamos com o movimento estudantil a colocar novos problemas. Nessa altura, estive muitas vezes em desacordo com o Professor Alfredo de Sousa, mas, desde essa altura, comecei a admirar as suas frontalidade e coragem.
Ao longo do tempo, estive muito mais vezes de acordo com ele do que em desacordo. As análises que periodicamente fazia sobre a situação da economia portuguesa e a política económica seguida em Portugal marcaram decisivamente os últimos anos.
Julgo que, sempre que morre um português com autonomia de pensamento, frontalidade, coragem, conseguindo conciliar o rigor do estudo e a paixão política, o País fica mais pobre.
Foi o que aconteceu ontem com o falecimento do Professor Alfredo de Sousa e, neste contexto, não quis deixar de tomar esta iniciativa de, em nome do Partido Socialista, apresentar à família as mais sinceras cor dolências.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Machete.

O Sr. Rui Machete (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tomo a palavra num momento particularmente doloroso para a Assembleia e para mim próprio para, de uma maneira muito breve, dizer que o Professor Alfredo de Sousa não era «uma cana agitada pelo vento» mas um homem na plena acepção da palavra.
Foi-o como cidadão na medida em que participou sempre com extrema coragem, frontalidade e inteligência nos actos importantes da vida pública deste País, em particular, na altura de 1974, de 1976, e como universitário, tendo as suas análises, as suas opiniões, marcado decidi»lamente uma época
Estou demasiado comovido e emocionado para poder alargar-me em considerações, que, aliás, pouco mais podem expressar do que o grande pesar que eu próprio e este grupo parlamentar, a que ele pertenceu nos tempos da Assembleia Constituinte, sentimos - e todo o lamento, pois não se trata de um voto que divida a Câmara mas que, pelo contrário, a une -, neste momento, pelo facto de termos perdido uma pessoa de bem, uma pessoa justa, um grande amigo.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Também eu, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, quero associar-me ao pesar que a Assembleia da República manifesta pelo falecimento do Professor Alfredo de Sousa.
Nunca tive a oportunidade de cruzar-me com o Professor Alfredo de Sousa na faculdade, mas conheci-o nesta Casa, pois participou nalgumas reuniões da Comissão de Economia, Finanças e Plano, designadamente, na altura de preparação dos debates do Orçamento do Estado, e através dos seus escritos.
Gostaria de realçar algo que vem expresso no voto de pesar que também subscrevi - a frontalidade e a coerência que o Professor Alfredo de Sousa sempre manifestou na sua «apaixonada» (expressão bem escolhida) análise económica do País de que foi filho e em que viveu.
Outro aspecto que gostaria de realçar diz respeito à sua perspectiva de economista, pois conseguiu, talvez como poucos, nos seus escritos públicos, explicar coisas complexas de uma forma simples, de fácil apreensão pela generalidade dos cidadãos.
Neste momento, Sr. Presidente e Srs. Deputados, associamo-nos à manifestação de pesar da Assembleia e gostaríamos igualmente de endereçar aos familiares do Professor Alfredo de Sousa as nossas sinceras condolências.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi também com grande mágoa e profundo choque que ouvi, esta madrugada, a notícia do falecimento do nosso querido amigo Alfredo de Sousa.
O Professor Alfredo de Sousa foi meu colega nos anos de 1959/1960, quando iniciou a sua carreira docente no então Instituto Superior de Estudos Ultramarinos- actual Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Ali começou a sua carreira académica, regendo a disciplina de Economia Política no curso de Administração Ultramarina, e publicou as suas primeiras lições dactilografadas, que são hoje o património do Instituto, a juntar à vasta e importante obra que deixou, por constituírem o momento de partida da sua biografia universitária - são as primeiras lições escritas pelo eminente professor que foi o Doutor Alfredo de Sousa.
Mais tarde, fez parte da missão que promoveu o estudo do rendimento de Angola, sob a direcção do Professor Doutor Vasco Fortuna, também catedrático do Instituto, onde recolheu material para o seu doutoramento, e, sob o patrocínio do Professor Adriano Moreira, obteve uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer o seu doutoramento em Paris com a dissertação sobre «Sociedade e economia em África». Assim antes de ter ido leccionar noutras escolas, como no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, o Professor Alfredo de Sousa esteve profundamente ligado à minha escola, aos seus colegas, aos nossos estudantes, e, por isso mesmo, é hoje considerado, também naquela casa, um dos grandes percursores do moderno Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.