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3144 I SÉRIE - NÚMERO 91

Aplausos e risos do PSD.

Protestos do PS.

O Sr. José Magalhães (PS): - O Silva Marques está no Titanic!

V. Ex.ª diz que eu perdi a grande oportunidade da minha vida aqui. Sr. Deputado, não se preocupe com a minha vida, preocupe-se com a sua, porque as minhas oportunidades hei-de encontrá-las!

Aplausos do PSD.

V. Ex.ª foi ministro sombra do PS para a área da defesa, mas agora está eclipsado, porque o programa da defesa está cumprido.

O Sr. José Magalhães (PS): - E V. Ex.ª é o ministro sol, mas agora está eclipsado!

O Orador: - Mas, como dizia, V. Ex.ª, que foi ministro sombra do PS, lamentavelmente, não conseguiu, a meio da sua intervenção, ultrapassar a imaginação do Sr. Deputado André Martins, que também me falou do S. Miguel. Acho que esse assunto está esclarecido e o S. Miguel foi ao fundo porque estava deliberado e determinado que ia ao fundo.

Aplausos do PSD.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Só que foi mal ao fundo!

O Sr. Fernando Pereira Marques (PS): - Os senhores é que vão ao fundo sem quererem!

O Orador: - Sr. Deputado, depois de dizer que eu tinha perdido a grande oportunidade da minha vida, também disse que não sabe se eu estou ou não estou à altura de ser primeiro-ministro. Devo dizer que não é V. Ex.ª que tem de saber. Quem vai saber se estou à altura de ser primeiro-ministro é o eleitorado, são os portugueses, e eu tenho muita confiança na opinião dos portugueses e no apoio que eles não deixarão de me dar para esse efeito.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Finalmente, Sr. Deputado, falou na reforma de política eleitoral e perguntou porque é que não foi feita. Sr. Deputado, não houve a redução de Deputados que o PSD sempre defendeu porque o seu partido, na revisão constitucional, se opôs a que a redução fosse maior do que aquela que foi!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para interpelar a Mesa, inscreveu-se o Sr. Deputado Almeida Santos. Tem a palavra.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Sr. Deputado Adriano Moreira: A vida, às vezes, premeia-nos com sentimentos contraditórios e hoje é um desses dias. Para o Sr. Primeiro-Ministro, é a última vez que intervém neste Parlamento e não posso dizer que tenho pena que se vá embora. Não posso dizê-lo. Sem hipocrisia, não posso! Mas tenho de dizer, com sinceridade, que tenho muita pena que o Sr. Deputado, Professor Adriano Moreira, se vá embora.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Fui, nestes anos, um dos mais constantes críticos do Sr. Primeiro-Ministro e tenho agora a esperança de que possa dar alguma paz à minha pena. O líder do meu partido desejou a V. Ex.ª que fosse em paz; eu não tenho a certeza disso, mas apresento-lhe os meus cumprimentos de despedida.
Sr. Deputado, Professor Adriano Moreira, devo-lhe nós devemos-lhe alguns dos momentos de maior prazer intelectual dos tempos modernos deste Parlamento. Devo-lhe um importante apoio à jovem democracia portuguesa e devo-lhe também alguns ensinamentos porque, quem é mestre, é mestre, e mestre sempre ensina mesmo quando não concordamos com ele.
Passaram por aqui grandes parlamentares, grandes oradores, como António Cândido, António José de Almeida, José Estevão de Magalhães... Meu Deus, tantos! Modernamente, Mário Soares, se quiserem, Sá Carneiro, se quiserem... Mas, em breve, terá passado por este Parlamento mais um grande Deputado e grande orador, o Professor Adriano Moreira!
Vamos deixar de ter o prazer da sua companhia, o que não vai preceder de muito o meu próprio afastamento; porém, enquanto não me afasto, vou sentir a sua falta e a falta do prazer intelectual de o ouvir. Infelizmente, já não tenho idade para me inscrever na sua universidade para continuar a aprender consigo, mas espero continuar a receber os seus ensinamentos através dos textos que fizer chegar até nós.
Acho que é uma hora triste e o sentimento, neste caso, é de sincera tristeza e de sincera pena, mas chega sempre o momento de dizer adeus. Portanto, quero dizer-lhe um adeus muito sentido, muito amigo, de quem muito o estima, muito o admira e de quem muito vai sentir a sua falta.

Aplausos do PS, do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Moreira.

O Sr. Adriano Moreira (CDS-PP): - Sr. Presidente, devo dizer que vou, certamente, guardar a recordação deste momento como uma das mais valiosas da minha memória.
A Câmara, provavelmente, não avalia o significado que tem, para mim, a intervenção do Deputado Almeida Santos. Tivemos uma experiência, de que nem todos puderam, aqui, partilhar, no período gravíssimo de mudança da história de Portugal, entendendo em comum muitas das circunstâncias, divergindo profundamente em muitos dos caminhos. Mas foi nessa altura que nos tornámos amigos e julgo que contribuímos para fazer entender que a divergência pode ser um sólido ponto de partida para a construção de um futuro comum.
Vivi com apreensão, sacrifício e tristeza o processo da mudança, mas senti-me recompensado com a entrada neste Parlamento, com a maneira como fui recebido, a autenticidade que verifiquei quer nos que concordam quer nos que se opõem às minhas intervenções e, sobretudo, o prazer, a alegria intelectual da contradição, do diálogo, do exercício da razão, que é a força em que sempre acreditei como capaz de animar a mudança que esteja ao nosso alcance.
Foi por isso que, na intervenção de hoje, me preocupei com o prestígio do Parlamento. Julgo que é uma instituição que convém ao País prestigiar. E uma instituição que interessa à comunidade internacional, à segurança da Europa, à participação de responsabilidades que temos nas várias assembleias parlamentares do mundo, interessa que ela própria seja um elemento sólido dessa cadeia nova que está a ser desenvolvida.
Conheci aqui pessoas de uma indiscutível categoria intelectual, dedução cívica e capacidade de contribuir para o bem do País. Não me atrevo a mencionar nenhuma, por-