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2830 I SÉRIE - NÚMERO 82

doso, de António Vitorino, de Joel Hasse Ferreira, de Octávio Cunha, para granjear um apreciável prestígio parlamentar à UEDS.
Em 1989, sendo já um intelectual reconhecido, um historiador reputado com uma carreira universitária sólida, um político experimentado, aceitou um convite do PS (no qual se filiara no quadro da adesão colectiva de uma parte da extinta UEDS), para ser candidato a Presidente da Câmara de Oliveira do Hospital. Tendo sido eleito Presidente, durante 4 anos foi um factor de requalificação e progresso desse concelho distante do distrito de Coimbra. O concelho onde nascera.
Tal como a revolução de Abril lhe estimulara a criatividade ensaística e as relações com a Espanha o interesse académico, a sua experiência autárquica levou-o a novos campos de investigação. Muitos dos seus trajectos ficaram interrompidos.
Com César Oliveira sempre assim seria, mas, agora que o perdemos, há a mágoa suplementar de ter sido muito cedo. O PS perdeu um militante, a esquerda perdeu uma das suas vozes mais livres, a moderna historiografia portuguesa ficou empobrecida. Os seus amigos ganharam a mágoa de o ter perdido e uma irrecuperável saudade.
Pela minha parte, perdi um amigo de sempre e um camarada, mas sei bem que a mais insuportável perda é a que está a ser sentida pela sua família, pela sua mulher e pelos seus filhos. Por isso, em nome do Grupo Parlamentar do PS, uma vez mais, lhes deixo a afirmação do nosso profundo pesar.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem a palavra o Sr. Deputado João Amaral.

O Sr. João Amaral (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, expresso a nossa profunda mágoa pelo falecimento de César de Oliveira e apresento à família enlutada as nossas mais sentidas condolências. Ao Partido Socialista, apresentamos o nosso pesar pela perda do militante.
Permitam-me que acrescente a estas palavras uma evocação pessoal que resulta de uma convivência e amizade de muitos anos.
Partilhei com o César de Oliveira origens. Como ele, toda a minha família é de Oliveira do Hospital, sua terra natal, terra a que ele dedicou 4 duros anos da Presidência da Câmara, que assumiu com enorme seriedade e sentido de serviço público. Duvido que tenha tido, na altura, o reconhecimento do mérito e do empenhamento que largamente mereceu. Além do mais, mostrou que se pode exercer o poder sem a ele se ficar amarrado e viciado.
Partilhei com o César de Oliveira os anos de Coimbra, os anos de todos os combates. O César, como sempre, foi corajoso, frontal, radical até ao fim, como dava gosto. A política pode ser, ou é, a arte do compromisso. Mas, nas convicções, ele sempre assumiu que vale a pena ser afirmativo e frontal.
Partilhei com o César de Oliveira, depois do 25 de Abril, os anos de Deputado aqui, na Assembleia da República, os anos da Assembleia Municipal de Lisboa e ligações de famílias em que participámos intensamente. Ao longo da vida, nos caminhos da política, tivemos encontros e desencontros. Mas o César de Oliveira foi sempre um homem de esquerda, incómodo, contundente.
Lembrei aqui o cidadão, mas não temos dúvidas de que o futuro lembrará mais ainda o historiador, e a sua obra; os estudos sobre o movimento operário, que ele fez com o amor da descoberta de raízes; os estudos sobre a guerra civil de Espanha, que fez com empenho militante; e todos os outros estudos sobre os municípios, o 25 de Abril, a descolonização, que vão ser parte significativa do conhecimento da nossa época.
O César de Oliveira foi um combatente que merece esta sentida homenagem da Assembleia da República. Era um homem justo, um homem de carácter, um amigo inesquecível.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite.

A Sr.ª Manuela Ferreira Leite (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Talvez o motivo pelo qual falo neste momento, em nome da minha bancada, tenha a ver com o facto de ter sido colega, como assistente em económicas, durante vários anos, de César de Oliveira.
Leccionávamos matérias muito diversas e tínhamos posições políticas opostas. Em todo o caso, penso que sempre nos considerámos mutuamente e tenho o gosto de ter, na minha biblioteca, todos os livros que ele publicou com simpáticas dedicatórias. Guardo-os, neste momento, com mais valor do que antigamente.
Queria, por isso, associar-me, em nome da minha bancada, aos votos de pesar à respectiva família, bem como à bancada do Partido Socialista.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem a palavra o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Num ano em que esta Câmara tem sido fustigada por muitas e grandes perdas, mais um ex-colega nosso, teimosamente, partiu cedo demais. Queria deixar aqui, em nome do Partido Popular, o nosso testemunho, sendo que, de César de Oliveira, mais do que do autarca, mais do que do Deputado, mais do que do homem ou do dirigente partidário, guardamos o cidadão que teve em todos os seus valores, e pôs à frente de todos os seus valores, o valor da liberdade, em todos os seus sentidos.
Em nome da bancada do Partido Popular, apresento as minhas condolências à família e, à bancada do Partido Socialista, o meu profundo pesar.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carmen Francisco.

A Sr.ª Carmen Francisco (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Partido Ecologista Os Verdes solidariza-se, neste momento de dor, com os familiares e amigos de César Oliveira.
A morte, implacável, privou-nos, demasiado cedo, do historiador com grande capacidade de inovação nos temas que escolheu abordar, do político e autarca, do combatente pela liberdade, do "revolucionário" que "exigia a utopia, para construir um mundo melhor, onde todos os homens participem e construam a sua própria história".
A história de César Oliveira não teve, infelizmente e com certeza, o fim que este, os seus amigos e familiares desejaram.
À família, as nossas sentidas condolências.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Srs. Deputados, queria, também dizer algumas palavras, agradecendo, em primeiro lugar, a todos os grupos parlamentares que subscreveram este voto que apresentei.