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13 DE NOVEMBRO DE 1998 651

vidos para que a sua solidariedade para com os países e os povos da América Central vítimas desta catástrofe se traduza em medidas concretas e imediatas de auxílio económico e humanitário.

Aplausos do PCP, do PS, do PSD e de Os Verdes.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero dizer, em nome de Os Verdes, que nos associamos inteiramente a este voto de pesar pela catástrofe que se abateu sobre os povos da América Central.
Julgo que a brutalidade das imagens que nos chegam é suficientemente forte para que as consciências não fiquem adormecidas e, pelo contrário, se possa agir relativamente àquilo que é o imenso sofrimento, a dor e a morte que atingiram estes povos. Trata-se de uma situação de catástrofe que apela à palavra solidariedade, apela a medidas concretas que dêem conteúdo a essa solidariedade - porque é uma solidariedade feita de acções que os povos da América Central reclamam -, o que é, uma vez mais, uma questão para Os Verdes extremamente importante.
Há erros que se somam, há disfunções que têm a ver com a actividade humana, há uma responsabilidade planetária para agir no sentido de deixar de brincar ao «faz de conta» e levar a sério a atitude de mudança em relação ao modo como vivemos, como consumimos, como, no fundo, a sociedade hoje se organiza, e estes sinais de que a agressão é cada vez maior e cada vez mais põe em risco, no futuro, os padrões de qualidade do nosso futuro colectivo, exigem outras respostas que não somas de palavras.
Neste momento, há palavras de solidariedade para os que sofrem, para os que ficaram despojados de tudo, para os que morreram, mas há também uma solidariedade feita de acções, particularmente dos países que têm maior responsabilidade e têm mais meios para dar conteúdo à ajuda de que estes povos precisam e há, essencialmente, uma reflexão séria que tem de ser feita e tem de ser traduzida em medidas concretas, para que estes sinais que a Terra nos dá de que a estamos a maltratar sejam alterados.

Aplausos do PCP e do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Luís.

O Sr. Carlos Luís (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A bancada do Partido Socialista também se associa ao voto apresentado por V. Ex.ª.
Ninguém pode ficar indiferente perante as imagens que nos chegam da América Central e as notícias de uma catástrofe que se abateu sobre os países referidos no voto apresentado por V. Ex.ª. A comunidade internacional não pode e não deve ficar indiferente e Portugal, um país solidário e humanista, também não pode e não deve ficar indiferente perante esta catástrofe.
A Câmara Municipal de Lisboa, num gesto simples, singular, já expressou a sua solidariedade, tendo em conta as suas possibilidades, dando ajuda material aos países que foram atingidos por esta dura catástrofe, mas também os poderes públicos não podem e não devem ficar indiferentes perante esta catástrofe que se abateu nos países da América Central.

Assim sendo, Sr. Presidente, a bancada do Grupo Parlamentar do Partido Socialista associa-se à substância do texto apresentado por V. Ex.ª e formula aqui um voto para que Portugal, dentro das suas possibilidades e na medida do possível, procure ajudar os países que foram atingidos por esta dura catástrofe.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Brochado Pedras.

O Sr. António Brochado Pedras (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A bancada do Partido Popular felicita V. Ex.ª pela oportunidade deste voto e quer, de viva voz, manifestar o seu pesar perante o que sucedeu, curvar-se perante a memória de quantos faleceram, expressar também a sua solidariedade para com todos eles e dizer que está perfeitamente convencido que o Governo português saberá honrar o humanismo que sempre caracterizou o nosso povo.
Dessa forma, estamos certos que este voto irá ser apoiado por todos, com grande empenho, porque ele representa o sentir profundo de todos nós.

Aplausos CDS-PP, do PS e do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos, então, proceder à votação deste voto de pesar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, vamos guardar um respeitoso minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

Srs. Deputados, vamos passar à discussão e votação do voto n.º 137/VII - De pesar pelo falecimento do escritor José Cardoso Pires, de quem fui grande admirador e amigo e que foi por mim elaborado.
O voto n.º 137/VII é do seguinte teor: «Morreu José Cardoso Pires. Um grande escritor, um homem bom, um cidadão exemplar.
Artífice das letras, cedo revelou a sua vocação de escritor quando, muito novo, publicou Caminheiros e outros contos, na linha do neo-realismo que, à data, fazia escola. Escola e vítimas. O livro mereceu a honra de ser proibido pelo traço vermelho da censura.
Depois disso, a escola foi ele. Livro a livro, foi construindo uma personalidade inconfundível e burilando uma prosa límpida e original, como talvez nenhuma outra de entre os escritores do seu tempo.
Foi um resistente de todas as horas da escrita e da alma. O seu Dinossauro Excelentíssimo foi um achado literário e um acto de coragem. Censuradas foram também as suas Histórias de Amor, livro que, se bem ajuízo, não voltou a ser editado e merecia sê-lo. Estão nele Lisboa e a resistência aos dinossauros da política oficial.
A sua Carrilha do Marialva é outra pedrada no charco das concepções dominantes.
De resto, em toda a sua obra, designadamente nos picos mais altos dela, que são os romances O Hóspede de Job, O Delfim, Alexandra Alpha e a Balada da Praia dos Cães, está o homem de fortes convicções e robustos ideais, incapaz de ser indiferente às injustiças da sociedade do
seu tempo.