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2328 I SÉRIE -NÚMERO 63

Um influente matutino da última sexta-feira noticiava que o «Grupo Português já é o terceiro no Brasil». Trata-se da «falida» empresa brasileira, na linguagem de Marcelo. Hoje, um conceituado jornal económico dá, aliás, mais notícias sobre o mesmo assunto.
Mas o que se passou aqui no Parlamento?
Tudo tentaram para atacar a operação. Procuraram até descredibilizar o Engenheiro Faria de Oliveira, último Ministro do Comércio de Cavaco, confundiram empresas de capitais públicos com Administração Pública, manipularam papéis diversos, tirados, numa noite escura, da internet. O que conseguiram? A aprovação de um magnífico relatório, elaborado pelo Sr. Deputado Fernando Serrasqueiro e a descredibilização do Professor Marcelo. Magríssimo resultado para quem pretendeu desacreditar o Governo, atacar o empresariado e descredibilizar o investimento português no Brasil.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quem sai daqui mal?
Certamente, o Professor Marcelo, o que é justo! Desencadeou um processo que, qual aprendiz de feiticeiro, não conseguiu controlar. Tentou chamar mentiroso a tudo e a todos, mas ele é o único a quem a imprensa, certamente mal intencionada para com esse genial criador de factos políticos, terá atribuído, neste processo, esse labéu.
Dos cinco dossiers integrantes do mega-inquérito inoportunamente desencadeado na
Assembleia da República, dois conduziram a relatórios pífios.

O Sr. José Magalhães (PS): - Exacto!

O Orador: - Dois tiveram conclusões equilibradas.

O Sr. José Magalhães (PS): - Fantástico!

O Orador: - E o quinto sumiu-se.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os cinco dossiers do mega-inquérito ontem concluído demonstram bem a validade da generalidade das opções assumidas nos dossiers em causa pelo Governo da República. Evidenciam a falta de rigor e de seriedade do Professor Marcelo na forma como apresentou estas questões ao seu partido e à opinião pública.

O Sr. José Magalhães (PS): - Claramente!

O Orador: - Constituíram ocasião, quer para afirmação da verticalidade e rigor de muitos Deputados, quer para se evidenciarem algumas coligações espúrias e desnecessárias.
Discutiremos, certamente, daqui a poucos dias, este assunto, com o adequado detalhe, em Plenário. Fica hoje aqui esta reflexão sobre os trabalhos da Comissão, em má hora provocada pela direcção do PSD, que ontem concluiu os seus trabalhos.
Este Governo, também na área económica, prosseguirá a sua actuação, a bem do desenvolvimento económico e do bem estar dos portugueses, sem temer as ameaças de alguns oposicionistas.
Á calúnia responderemos com a verdade. Á mistificação, com o rigor!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveu-se o Sr. Deputado Lino de Carvalho.
Contudo, antes disso, para defesa da honra da sua bancada, tem a palavra o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan.

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira, V. Ex.ª veio aqui hoje fazer de analista e de comentador político,...

O Sr. Costa Pereira (PSD): - Mau analista!

O Orador: -... aliás, com a isenção de muitos dos que temos na nossa praça. Mas, em relação a isso, a minha bancada nada tem a dizer.
Protestos do Deputado do PS José Magalhães.
O Sr. Deputado José Magalhães já vai poder ulular, mas, se me deixasse terminar, ficar-lhe-ia muito grato.

O Sr. José Magalhães (PS): - Ficou ressentido!

O Orador: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira, a defesa da honra da minha bancada justifica-se apenas pela expressão que V. Ex.ª entendeu por bem utilizar, dizendo que o partido ficava «no mato sem cachorro», por causa de uma situação que acabava de descrever. Ora, Sr. Deputado, quero dizer-lhe que este partido tem 24 anos de história parlamentar e que se orgulha de todas as suas vitórias e de todas as suas derrotas, e que o faz, sobretudo, por um facto: é que este partido luta, hoje como sempre, nesta Assembleia por convicções.

O Sr. Pedro Feist (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - E por convicções que não se diluem na primeira, na segunda, na terceira ou na quarta via, Sr. Deputado!... São convicções desde a primeira hora e são, hoje como ontem, actuais.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, querendo, tem a palavra o Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira.

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan, cumpro o meu dever político nesta Assembleia. Foi para isso que os eleitores me mandataram.
O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - E muito bem!
O Orador: - Muito obrigado. Sei que tenho o apreço de V.Ex.3
Registo que V. Ex.ª nada tem a dizer quanto ao meu comentário e à minha análise política deste processo de meses e, portanto, «como quem cala consente»..., a adesão de V. Ex.a, para mim, é quase comovente.
Aplausos do PS.
O Sr. José Magalhães (PS): - É gratificante!