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24 DE JUNHO DE 1999 3513

O Orador: - Apesar deste quadro, tem-se hoje a sensação, quatro anos depois, de que este é e ficará na história como o governo da oportunidade perdida.

Aplausos do PSD.

Se, no início, alimentou muitas expectativas, acaba o seu mandato gerando muito mais frustrações.
Foram milhares os portugueses, muitos dos quais não socialistas, que há quatro anos depositaram a sua confiança neste Governo.
Quatro anos depois, são também milhares os portugueses, incluindo muitos eleitores socialistas, que acham que este foi um Executivo virtual, que ocupou o poder, mas não deixou a sua impressão digital na história contemporânea portuguesa.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Um Governo que se limitou a «viver habitualmente», o que talvez satisfaça os mais conformistas, mas o que não está de forma alguma à medida das ambições de um País que necessita de recuperar o atraso estrutural de décadas; um Governo que interrompeu o impulso reformador que se vinha notando em Portugal desde a entrada para a Comunidade Europeia em 1986.
São estes mesmos portugueses que há quatro anos viam no actual Primeiro-Ministro uma pessoa determinada e enérgica e que hoje, quatro anos depois, percebem no Primeiro-Ministro o chefe de um Governo cansado, esgotado, sem energia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Um Governo que, por falta de coragem para fazer um balanço realista da sua actividade, vem aqui hoje, como vimos, refugiar-se em novas promessas, pois é sempre mais fácil gerir ilusões do que conferir resultados.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não posso deixar de dizer uma palavra especial sobre esta matéria. É da essência da democracia os mandatos temporários e renováveis, aquilo que um governo tem de fazer, no fim de uma legislatura, é apresentar o balanço, apresentar o resultado da sua actividade, pois não é aceitável vir aqui fazer um comício eleitoral ou fazer quaisquer Estados-Gerais.

Aplausos do PSD.

Também não é aceitável, nem é politicamente nem, sequer, intelectualmente honesto, apresentar estatísticas do que se fez com aquilo que se vai fazer misturando os anos, seleccionando os períodos temporais. Isto não é honesto do ponto de vista intelectual e tem de ser denunciado aqui.

Aplausos do PSD.

Da próxima vez, Sr. Primeiro-Ministro, seja em que condição política for que nos encontremos, dou-lhe um conselho: divida a sua intervenção em capítulos, uma de balanço, outra de projecto. Não misture projectos com balanços, não confunda realidade com ilusões.

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

Há quatro anos, o diálogo foi apresentado como a imagem de marca de uma política alternativa. Hoje, já é claro que o diálogo foi utilizado como pretexto para adiar, para não decidir, para não realizar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Há quatro anos, o Governo elegeu como grande prioridade as pessoas, mas são essas mesmas pessoas que hoje se sentem desiludidas com este Governo, porque a inflação está a subir, o poder de compra a baixar, o endividamento das famílias a aumentar.

Vozes do PS: - Ah!

O Orador: - Consumir, gastar é, hoje, o expediente mais artificial, mais ilusório e mais perigoso que este Governo estimulou.
A verdade é esta: o País está a viver claramente acima das suas possibilidades, a despesa cresce muito mais do que a produção de riqueza, o Estado dá um mau exemplo, o Estado gasta demais e, sobretudo, gasta mal. Mais tarde ou mais cedo, todos pagaremos esta factura, ou seja, a factura da irresponsabilidade deste Governo.

Aplausos do PSD.

Muitos portugueses que, há quatro anos, acreditaram numa vida melhor sentem hoje que as suas expectativas não foram realizadas.

O Sr. Rui Namorado (PS):- Não foi isso que se notou nas eleições!

O Orador: - A saúde, por exemplo, não melhorou. É ir aos centros de saúde de madrugada, não apenas quando vão as televisões, às primeiras horas da manhã e ver as pessoas angustiadas com as consultas médicas que não conseguem marcar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É visitar os hospitais e assistir ao drama preocupante de milhares de portugueses que esperam e desesperam meses e anos por uma operação que necessitam de fazer - porque com este Governo as listas de espera não diminuíram; pelo contrário, aumentaram substancialmente.

Aplausos do PSD.

Há actualmente, em Portugal, segundo as estatísticas oficiais - e todos sabemos como este tipo de estatísticas peca, quando convém, por defeito e, quando convém, por excesso -, 89 383 pessoas que aguardam mais de dois anos por intervenções cirúrgicas.

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - É uma vergonha!

O Orador: - Mais de 700 000 portugueses esperam que lhes seja atribuído um médico de família.
O compromisso de baixar, ou mesmo tornar gratuitos, os medicamentos para idosos não foi honrado. Os hospitais a construir ficaram no papel.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Oito!