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1495 | I Série - Número 37 | 18 de Janeiro de 2001

 

pelo que, se todos os Srs. Deputados concordarem, procedemos já à discussão e votação deste voto de pesar, que é do seguinte teor:
«Morreu Carlos César.
O autor, o encenador, o antigo autarca, o homem de cultura faleceu há dias. Durante 25 anos, dirigiu o Teatro de Animação de Setúbal, que criou e no qual se formou toda uma geração de novos artistas. O TAS constituiu também um espaço de intervenção teatral para artistas consagrados e desempenhou um relevante papel na descentralização cultural.
Carlos César foi também um excelente actor de televisão, desempenhando papéis de relevo em diferentes séries e telenovelas, da Vila Faia à Tragédia da Rua das Flores, da Chuva na Areia aos Jardins Proibidos, passando pelos Retalhos da Vida de um Médico, exibindo em todas elas a sua versatilidade e grande capacidade de representação.
Foi ainda actor de cinema, nomeadamente em filmes realizados por Fonseca e Costa, Luís Rocha e Michel Win.
Participante activo na vida cultural e cívica da cidade de Setúbal, da região e do País, Carlos César chegou a desempenhar, durante algum tempo, as funções de vereador da Câmara Municipal de Setúbal, durante a última campanha eleitoral para as legislativas.
A sua humanidade, a sua verticalidade, a sua capacidade de conviver, a sua cultura, fizeram dele uma personalidade admirada e estimada na cidade de Setúbal, na região, nos meios culturais e em todo o País que o conheceu.
A Assembleia aprova um voto de pesar pelo seu falecimento.»
Para a introduzir o debate, tem a palavra, por três minutos, a Sr.ª Deputada Maria Fernanda Costa.

A Sr.ª Maria Fernanda Costa (PS): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: De quando em vez, o ritmo frenético em que vivemos é chamado à razão pela mais dura e mais inevitável realidade da nossa existência: a morte. Foi assim em 10 de Janeiro de 2001. Carlos César desapareceu, sem que nada o fizesse prever, do nosso convívio.
A cultura nacional viu sair de cena, aos 57 anos de idade, um profissional e um artista; 40 anos de carreira, divididos entre a rádio, a televisão, o cinema e o teatro, acabaram subitamente.
O Teatro de Animação de Setúbal, companhia profissional de teatro, um dos grandes embaixadores culturais de Setúbal, talvez o mais representativo, é, antes de mais, obra de Carlos César, que o fundou, em 1975, e dirigiu até à morte.
Carlos César foi um lutador. Pelo TAS viveu, sofreu, por vezes brigou, sempre pela dignificação de uma companhia que, não estando na capital, procurou demonstrar, ao longo dos anos, que também se faz teatro com qualidade fora de Lisboa.
Cidadão preocupado, sempre atento à sociedade e aos seus problemas, a actividade política e partidária não lhe era indiferente. Por isso se filiou no Partido Socialista e, como militante da Secção de Setúbal, integrou a lista da vereação concorrente às eleições autárquicas de 1997, chegando mesmo a ser vereador da Câmara Municipal da Cidade do Sado durante um período curto, mas, para ele, muito significativo e gratificante.
Carlos César, nome artístico do cidadão Carlos Alberto Dias, nascido em Elvas a 21 de Agosto de 1943, desapareceu do nosso convívio poucos dias depois da sua companhia profissional de teatro, o TAS, ter comemorado os 25 anos de existência. Mas a sua obra perdurará e, felizmente, a notoriedade que atingiu fará com que seja sempre recordado.
Pelo seu reconhecido trabalho em prol da cultura e da descentralização cultural e pelo riquíssimo legado que nos deixou, o Partido Socialista manifesta a sua homenagem ao homem e ao artista e expressa os mais sentidos pêsames à família, aos amigos e ao Teatro de Animação de Setúbal.
Até sempre, Carlos César!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares, para uma intervenção.

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como é óbvio, a minha bancada também quer associar-se a este voto de pesar.
O grande público conhecia o actor Carlos César, provavelmente, da televisão e, acima de tudo, das inúmeras telenovelas que tão bem soube fazer. Mas seria muito injusto se nós esquecêssemos, aqui, hoje, todo o resto da sua obra - da sua obra teatral, da sua obra como encenador, da sua obra no cinema, da sua obra no mundo das artes. A importância que Carlos César teve, tem e estou certo que continuará a ter, no panorama cultural nacional, prende-se muito com a cidade de Setúbal e com o distrito de Setúbal, cidade e distrito que ele tanto amou. Ele conseguiu provar que é possível fazer bom teatro, teatro com qualidade, teatro com público, fora das grandes urbes como Lisboa e Porto...

O Sr. Basílio Horta (CDS-PP): - Muito bem!

O Orador: - ... e, se calhar, o maior tributo e a maior homenagem que esta Câmara lhe poderá render é lembrarmos essa obra, que foi, muitas vezes, uma obra difícil, que foi, tantas e tantas vezes, uma obra que enfrentou contrariedades, mas pela qual ele tanto lutou e que tanto amou.
Carlos César era um alentejano que escolheu e que amou a cidade de Setúbal. Quando ele morreu, morreu com ele, também, uma grande parte da cultura portuguesa. Saibamos honrar a sua memória e saibamos honrar todo o trabalho que ele sempre fez em prol da cultura e das artes portuguesas.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado António Capucho.

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A bancada do Partido Social-Democrata não pode deixar de associar-se empenhadamente a este oportuno voto de pesar pela morte de Carlos César.
Carlos César, como actor de televisão, actor de cinema, actor e encenador de teatro, distinguiu-se e tornou-se conhecido entre o público, mas, fundamentalmente, no distrito e na cidade que muito amava, Setúbal, que eu represento nesta Câmara, Carlos César fica ligado, indissociavelmente, à fundação e à criação do Teatro de Animação