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2010 | I Série - Número 035 | 08 de Janeiro de 2004

 

O Orador: - Isto é o que diz o relatório do Banco de Portugal. Os senhores podem dizer o que quiserem, o senhor pode sustentar em sondagens o seu absoluto pessimismo, eu sustento-me na análise isenta e rigorosa do Governador do Banco de Portugal o meu optimismo moderado.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o tempo de que dispunha esgotou-se. Tenha a bondade de concluir.

O Orador: - Vou concluir, Sr. Presidente.
O Sr. Deputado terá de explicar qual é o outro modelo e a outra política que defende, porque também aí o relatório é claro.
O único caminho é o da Ministra Ferreira Leite, o único caminho é o da contenção para apanhar a retoma e para pôr Portugal a crescer novamente.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Costa.

O Sr. António Costa (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, começo por agradecer os seus pedidos de esclarecimento.
Quanto a viver na ilusão, devo dizer-lhe que quem vive na ilusão é quem vive da retórica e se recusa a olhar para a realidade, expressa nos números. E a realidade, expressa nos números, é a que passo a expor.
Primeiro, o Boletim do Instituto Nacional de Estatística, serviço dependente da Sr.ª Ministra das Finanças, publicado ontem, diz-nos que Portugal atingiu o nível histórico mais baixo do índice de confiança. Mais: que o índice de clima económico, que é o índice agregado da confiança dos agentes económicos, teve uma nova quebra e interrompeu a melhoria que estava a ter, embora ligeira, desde Maio. Números são números!
O Eurostat diz-nos, muito claramente, que de 1995 a 2001 Portugal cresceu sempre mais do que a média europeia e convergiu sempre com a média europeia, desmentindo as falsidades que os senhores, então na oposição e agora no governo, inventaram de que em 1997 tínhamos começado a divergir da União Europeia.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - É falso! Estivemos sempre a convergir; agora, estamos sempre a divergir. Números são números! Desde 2002 que Portugal, com os senhores, tem estado sempre a crescer abaixo da média europeia. Nós estamos a afastar-nos da média europeia.
Ora, o que temos de saber é o que queremos para o País, e eu digo-lhe o que queremos para o País. Nós não queremos que Portugal seja um país medíocre na Europa, queremos que Portugal tenha os melhores níveis de rendimento da Europa,…

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: … queremos aproximar-nos dos melhores, não queremos afastar-nos dos melhores.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Mas qual é o caminho?!

O Orador: - Connosco no governo aproximámo-nos dos melhores; com os senhores no governo estamos a afastar-nos dos melhores!

Aplausos do PS.

O Sr. Deputado, ao ler o relatório, confunde desaceleração, que é crescer a um ritmo mais lento, com recessão, que não é crescer a um ritmo mais lento, é decrescer, é chegarmos ao fim do ano mais pobres do que estávamos.
O que o Sr. Governador do Banco de Portugal diz - e isso é uma evidência - é que há ciclos naturais de ajustamento da economia em que, depois de momentos de grandes crescimentos exponenciais, como os que tivemos entre 1995 e 2001, é natural que haja uma certa acomodação. O que não é natural é que, mais do que uma desaceleração, haja uma recessão no crescimento económico.