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1271 | I Série - Número 031 | 17 de Junho de 2005

 

No dia da morte de Vasco Gonçalves, numa reportagem televisiva, pessoas anónimas, nossos concidadãos, foram entrevistados para perceber o que lhes deixara Vasco Gonçalves. Vários deram conta dos direitos que tinham adquirido nos tempos do governo de Vasco Gonçalves: as primeiras férias, a primeira viagem ao Algarve, que até então tinha sido só para os mais ricos, a aquisição de casa, a possibilidade de rechear a casa com equipamentos básicos, a melhoria de condições de vida e de trabalho e mais igualdade de oportunidades.
Estes testemunhos são por demais importantes para repor algumas verdades históricas e para nos consciencializarmos de que houve quem acreditasse - e por isso tivesse procurado implementar - que era possível haver desenvolvimento com justiça social.
Vasco Gonçalves foi um engenheiro da justiça social. Enquanto alguns remeteram os inúmeros sonhos de Abril para a ordem dos mitos e das utopias, Vasco Gonçalves representa aqueles que acreditaram - e legaram essa crença para muitos outros - que o espírito de Abril era possível e concretizável.
O General Vasco Gonçalves está inequivocamente ligado à Revolução do 25 de Abril, ao MFA e a avanços extraordinários do ponto de vista social. Serviu o povo, e o povo, certa e genuinamente, reconhece-lhe isso. Todos lhe reconhecem convicção e lealdade.
A Vasco Gonçalves prestamos a nossa sentida homenagem e à sua família o Partido Ecologista "Os Verdes" apresenta as mais sentidas condolências.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Augusto Santos Silva): - Sr. Presidente, o Governo associa-se também à homenagem que a Assembleia da República presta à memória do General Vasco Gonçalves.
E encontro três razões fundamentais para fazê-lo. Em primeiro lugar, trata-se de celebrar a memória de um militar de Abril, de alguém que contribuiu activamente para a libertação do povo português de uma ditadura de várias décadas.
Em segundo lugar, trata-se de alguém que ocupou funções da maior responsabilidade durante o período revolucionário, tendo sido Primeiro-Ministro de vários governos provisórios. Bem sei que a legitimidade desses governos era de tipo revolucionária, mas também não me esqueço que, sem revolução, não teria havido democracia em Portugal.
A terceira razão é de ordem pessoal. Alguns dos traços essenciais do carácter do General Vasco Gonçalves devem ser recordados e encarecidos, em particular o seu sentido de serviço ao interesse público, tal como o interpretava, e o seu desprendimento pessoal.
Não podemos esquecer que a democracia portuguesa, tal como existe hoje, resulta da derrota do projecto político que o General Vasco Gonçalves também protagonizou. No entanto, penso ser preferível combater em vida os adversários e respeitá-los e homenageá-los no seu desaparecimento, porque a democracia faz-se da pluralidade de todos. E nós todos, que nos combatemos, que nos confrontamos e que lutamos, em paz, pelas nossas ideias, devemos, na hora da morte, respeitarmo-nos e homenagearmo-nos uns aos outros.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos passar à votação do voto n.º 12/X - De pesar pelo falecimento do General Vasco Gonçalves (PCP).
O Grupo Parlamentar do PSD pediu à Mesa a votação, em separado, de todo o corpo do voto e da parte dispositiva final.
Vamos, pois, começar por votar todo o corpo do voto.

Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do PCP, do BE e de Os Verdes, votos contra do CDS-PP e a abstenção do PSD.

Passamos, agora, à votação da parte final e dispositiva do voto.

Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.

Srs. Deputados, passamos ao voto n.º 11/X - De pesar pelo falecimento do poeta Eugénio de Andrade, que passo a ler: "A morte não quer palavras. Antes o silêncio.
Escreveu durante décadas, publicou dúzias de títulos, traduzidos em inúmeras línguas em todos os continentes!
Morreu Eugénio de Andrade, senhor de leituras várias, escritor de rigorosa busca da linguagem exacta, amante da cultura grega e mediterrânica, que encarava a poesia como a melhor forma de falar com os amigos.
Morreu um homem de bem!
Viveu uma vida, nas suas palavras, 'sem ênfase, sem ruído', sempre próximo da terra e dos camponeses, do José Fontinhas que nascera na Póvoa da Atalaia, perto do Fundão, em 1923…

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