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3837 | I Série - Número 082 | 27 de Janeiro de 2006

 

uma espantosa divulgadora da literatura portuguesa através das suas sucessivas traduções para alemão, mas, sobretudo, um dos vultos cimeiros da literatura portuguesa e em português no século XX.
A maneira como a sua obra recria a sua própria experiência, primeiro como perseguida, depois como refugiada e, em seguida, como integrada numa nova pátria, Ilse Losa é também um exemplo, uma prova de que a esperança vale a pena e que a humanidade triunfa e triunfará sobre o Holocausto.
Mas esta situação também nos impõe, a nós, hoje, obrigações, imperativos, um imperativo moral que precede todo e qualquer outro imperativo de natureza doutrinária, programática e política, o imperativo de fazer tudo ao nosso alcance para impedir novos holocaustos.
Em português, da minha parte, não conheço melhor maneira de chamar a atenção para esse imperativo do que as palavras que constituem o poema de Jorge de Sena intitulado Carta a Meus Filhos sobre os Fuzilamentos de Goya, que se podem aplicar tais quais quando evocamos o Holocausto. Permito-me apenas citar dois breves excertos dessa carta de Jorge de Sena a seus filhos a propósito de fuzilamentos e outros extermínios: "Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém/vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la (…) E, por isso, o mesmo mundo que criemos/nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa/que não é só nossa, que nos é cedida/para a guardarmos respeitosamente/em memória do sangue que nos corre nas veias,/da nossa carne que foi outra, do amor que/outros não amaram porque lho roubaram".
Ter com cuidado este mundo que não é nosso, que apenas nos foi cedido para honramos o nosso sangue e os outros e, sobretudo, ter sempre em conta que nada nem ninguém vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la é a melhor maneira de prevenirmos novos holocaustos.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Sr.as e Srs. Deputados, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, sabendo da realização desta cerimónia e querendo associar-se a ela, autorizou a divulgação com a antecedência adequada da sua mensagem alusiva a esta celebração.
Peço à Sr.ª Secretária da Mesa o favor de ler a mensagem do Secretário-Geral das Nações Unidas.

A Sr.ª Secretária (Celeste Correia): - É do seguinte teor a mensagem do Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, para o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto:
"A ONU celebra hoje, pela primeira vez, um dia que doravante será uma comemoração anual: o Dia Internacional de Comemoração em Memória das Vítimas do Holocausto.
Não é possíve1 apagar a tragédia sem igual do Holocausto. Deve ser recordado com vergonha e horror, enquanto a humanidade conservar a capacidade de recordar.
Só a recordação permitirá prestar às vítimas a homenagem que merecem. Milhões de judeus e membros de outras minorias foram chacinados da forma mais bárbara que é possível imaginar, Nunca devemos esquecer aqueles homens, mulheres e crianças inocentes, nem o calvário que viveram.
Recordar é a melhor resposta perante aqueles que dizem que o Holocausto nunca aconteceu ou foi exagerado. Negar o Holocausto é obra de fanáticos. Devemos rejeitar essas falsidades e denunciar quem quer que expresse tais opiniões.
Recordar é também uma salvaguarda para o futuro. A profunda perversidade a que se chegou nos campos de extermínio nazis começou com o ódio, o preconceito e o anti-semitismo. Recordar estas origens pode servir de advertência perante sinais de alarme.
À medida que o Holocausto se desvanece no tempo e o número de sobreviventes diminui cabe-nos a nós, à geração actual, manter erguido o facho da recordação e defender a causa da dignidade humana.
A Organização das Nações Unidas foi fundada como reacção aos horrores da II Guerra Mundial. Contudo, desde então, a comunidade internacional assistiu, muitas vezes sem nada fazer, a atrocidades cometidas em grande escala. Nos últimos anos, temos tomado medidas importantes para melhor reagir no futuro; assim, criámos o Tribunal Penal Internacional e chegámos a acordo sobre a responsabilidade colectiva de proteger.
O tema deste dia internacional de comemoração é 'Recordemos hoje e sempre'. Nesse espírito, comprometamo-nos a redobrar os nossos esforços para impedir o genocídio e os crimes contra a humanidade".

O Sr. Presidente: - Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, Sr. Embaixador de Israel, Srs. Representantes das comunidades israelitas de Lisboa e do Porto: Esta comemoração tem para nós um grande significado. Ela é também a associação do Parlamento português à condenação do Holocausto, condenação de uma política de ódio, de fanatismo, de intolerância, de racismo e de preconceito que teve por consequência o anti-semitismo em que se fundou essa operação de extermínio.
Tudo começa por pequenos actos banais e esses pequenos actos banais são, por vezes, o germe de grandes tragédias históricas. A mera exigência de identificação de um cidadão ou de uma cidadã, de um jovem, de uma criança, de um velho em função da sua convicção religiosa, da sua opção política ou da sua identidade étnica contém em si mesmo o início de uma fatal perversidade. Foi isso que aconteceu.
Quando reflectimos sobre a tragédia do Holocausto não podemos deixar de considerar três grandes reflexões. A primeira é a de que tudo foi feito em nome da ciência, da técnica e da boa gestão. A coordenação

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