I SÉRIE — NÚMERO 27
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Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta nova lei de bases da segurança social, mais uma, está marcada pelo imediatismo das propostas e pela inconsistência das soluções para um problema da maior delicadeza — a sustentabilidade do sistema público da segurança social. Esta nova lei é mais um contributo para a profusão de leis de bases da segurança social.
Com efeito, a primeira lei de bases, a Lei n.º 28/84, durou 16 anos sendo substituída pela Lei n.º 17/2000, de vida efémera já que dois anos depois era substituída pela Lei n.º 32/2002, eis que quatro anos volvidos uma nova lei de bases passa a dispor sobre matéria de tão grande sensibilidade social.
Esta vertigem legislativa, para a qual este Governo tão voluntariosamente deu o seu contributo, só pode significar uma coisa: Portugal não está a conseguir lidar com os problemas crescentes da sua segurança social pública.
Perante os desafios ingentes do envelhecimento e da recessão demográfica, da competitividade e da globalização das economias e, ainda, face ao inadiável ajustamento do sistema público da segurança social, desde 2000 que os governos têm enveredado pela elaboração de leis de bases. Trata-se de uma fuga em frente de um paliativo que dá a ilusão de que os graves problemas que atacam o nosso sistema público de segurança social se resolvem. Puro engano. Não é com esta cascata de leis que se ultrapassam os desafios colocados pela segurança social e leis conservadoras como aquela que o PS e o Governo fizeram aprovar têm apenas o efeito de agigantar o problema para as próximas gerações.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Na verdade, ao empreender-se este processo de alteração da Lei de Bases da Segurança Social era de esperar que o Governo rompesse com os paradigmas do passado, afanando-se na construção de soluções da máxima consensualidade política. Mas não. Submissa à tirania de ideologias obsoletas, vimos um Governo e um PS manietados, incapazes de apresentar soluções inovadoras para os novos tempos que a sociedade portuguesa está a viver, nos planos da demografia, da economia e dos valores sociais, em geral.
O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Onde se esperava um Governo audaz tivemos um Governo pusilânime. Onde se esperava um Governo inovador tivemos um Governo conservador.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Quando aguardávamos soluções duradouras, tivemos soluções temporalizadas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — Temporalizadas sim, porque entre todas as incertezas, uma coisa é certa: na melhor das hipóteses e se os seus proponentes não se enganarem como já se enganaram há cinco anos, a ruptura do sistema aí estará de novo dentro de 28 anos, isto é, pouco mais de metade de uma carreira contributiva normal.
O Partido Social Democrata propôs uma solução que, preservando os princípios da solidariedade intergeracional suportado num sistema de repartição, avançasse para o sistema misto de capitalização, dando assim uma oportunidade aos valores da responsabilidade e da liberdade dos indivíduos.
O PSD propôs ao Governo um pacto tendo em vista garantir a sustentabilidade orçamental e a perdurabilidade do sistema de segurança social, tornando-o apto a responder às exigências dos actuais e futuros reformados, bem como às várias gerações de trabalhadores e onde os jovens que irão ingressar no mercado de trabalho pudessem ter as garantias e as certezas que um sistema desta natureza tem de patentear.
O Governo refutou tal pacto. O Governo, alcandorando-se na arrogância das suas certezas passadistas, não hesitou em contrariar os ventos da história.
Seguramente, Srs. Deputados, dentro de escassos anos, gerações de portugueses não deixarão de lamentar o imobilismo e o desajustamento que esta Lei de Bases, mais do que tudo, patenteia.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.