90 | I Série - Número: 039 | 25 de Janeiro de 2008
maior projecção de Coimbra, até para a melhoria da economia, do turismo, da auto-estima dos 
Conimbricenses. 
Desde há cerca de dois anos, felizmente, a Universidade de Coimbra teve a boa iniciativa de concretizar 
mais este anseio, embora de forma mais restrita, pois eu pretendia (e continuo a considerar tal dever ser feito) 
englobar mais monumentos da Alta e também a Baixa e monumentos da outra margem do rio Mondego 
(ligados à memória da Rainha Santa e de Inês de Castro e valiosos evidentemente em si pelo seu aspecto 
patrimonial). 
Coimbra, com a sua imensa importância desde a época romana, incluindo o aspecto fundamental de ter 
sido o primeiro centro do poder político de Portugal (durante os séculos XII e XIII), onde, por exemplo, também 
se realizaram as decisivas Cortes de Coimbra (1385), sede desde o séc. XII do influente centro cultural 
medieval que foi o Mosteiro de Santa Cruz, etc., tem muito mais valia a nível do património histórico-cultural, 
além da prestigiadíssima Universidade. Contudo, a classificação da UNESCO está agora prevista ter a 
designação apenas da Universidade de Coimbra, apesar de abranger outros monumentos. Para alicerçar 
melhor a minha argumentação cinjo-me a duas cidades próximas: Salamanca e Santiago de Compostela, 
cidades universitárias também seculares e relevantes, que estão inscritas pelas suas cidades antigas, pelos 
seus centros históricos, e não pelas universidades, como património mundial da UNESCO, respectivamente 
desde 1988 e 1985, e anoto que a Universidade de Salamanca é igualmente do séc. XIII, umas décadas 
anterior à de Coimbra. Sublinhe-se que o centro histórico de Coimbra tem muito mais História e originalidade, 
por exemplo, com o raro criptopórtico romano, etc. 
Compete-me, como Deputada cabeça-de-lista eleita por Coimbra, defender Coimbra, razão pela qual não 
podia deixar de explicar aqui estes motivos, afinal os mesmos que venho defendendo desde há vinte e seis 
anos, como simples cidadã que ama a cidade e o distrito. 
Anoto uma coincidência que interessa sobretudo pelos benefícios que agora traz a Coimbra. O destino fez 
com que seja eu a propor a classificação de quatro mais-valias de nível mundial para Coimbra: em 1982, a 
referida inscrição na lista do Património Mundial da UNESCO, agora a classificação do fado de Coimbra como 
bem do Património Cultural Imaterial da UNESCO (anoto que já incluí também o fado no atrás mencionado 
programa «Coimbra Antiga e a Vivificação dos Centros Históricos» que realizei de 1981 a 1983). Quanto ao 
Património Cultural Imaterial, sugeri também no parecer que apresentei em 4 de Dezembro p.p. as Festas do 
Espírito Santo, as quais foram criadas pela Rainha Santa. Estas faziam-se em Coimbra de forma mais 
genuína, designadamente, junto à Igreja de Santo António dos Olivais e em Eiras, com o nome de Festa do 
Imperador. Esta classificação da UNESCO é um incentivo à sua recuperação mais fiel, como as populações 
vêm pretendendo e o que pode atrair multidões de visitantes. 
Não posso deixar de sugerir aqui a classificação de uma quarta mais-valia conimbricense como bem do 
Património Cultural Imaterial da UNESCO: a figura de Inês de Castro, na sua História/na sua Lenda. 
Cito Frederico Mayor (Director Geral da UNESCO entre 1987 e 1999) em «La mçmoire de l’Avenir«, Paris, 
1994: «» la nçcessitç de sauvegarder ce patrimoine non seulement pour nous-mêmes, mais aussi pour les 
générations futures. C’est en effet en assurant la continuitç entre le passç et le prçsent que nous aurons les 
meilleures chances de façonner l’avenir. La mçmoire est un facteur essentiel de la crçativitç de l’homme.« 
Como a memória é factor essencial da criatividade do homem e é assegurando a continuidade entre o 
passado e o presente que nós teremos as melhores hipóteses de construir o futuro, restringindo a memória de 
Coimbra, estamos a diminuir não só o seu presente mas, sobretudo, o seu futuro, e inclusivamente a coarctar 
a sua criatividade. Como Deputada eleita cabeça-de-lista por Coimbra, cumpre-me defender o mais possível a 
«minha» cidade, o «meu» distrito, procurando que o seu presente e o seu futuro sejam bem melhores. Por isso 
me senti moralmente obrigada a escrever esta declaração de voto, sem qualquer anseio a não ser servir 
Portugal. 
A Deputada do PS, Matilde Sousa Franco. 
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A proposta de lei n.° 160/X mereceu a concordância genérica do PCP sem prejuízo de preocupações 
relativamente a alguns dos aspectos e soluções apresentados, reservas, essas, que, aliás, justificaram a