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13 | I Série - Número: 056 | 13 de Março de 2009

A telenovela a que temos assistido nos últimos meses em torno da resistência dos professores a colaborar num modelo de avaliação que não serva para nada, a não ser para diminuir a factura salarial do Ministério da Educação, tem tido como resposta do Ministério manter a total ambiguidade.
Perguntado à Sr.ª Ministra e ao Ministério da Educação, vezes sem conta, quais são as consequências da não entrega dos objectivos individuais, a Sr.ª Ministra, sucessivamente, tem-se enredado em respostas de valor jurídico e legal muitíssimo duvidoso, acima de tudo porque, para ela, é fundamental manter esta ambiguidade para que possam manter-se as ameaças sobre os professores nas escolas.
Como o Sr. Deputado aqui narrava, presidentes de conselhos executivos vieram dizer à Comissão de Educação e Ciência que não sabem o que hão-de fazer, que há, neste momento, espalhadas pelo País, notificações para todos os gostos, que fazem todo o tipo de ameaças, ou presidentes de conselhos executivos que estabelecem os objectivos individuais. Mas vieram contar-nos pior: que houve pessoas a entregar os objectivos individuais a chorar, porque têm medo que, se os não entregarem, o seu contrato de trabalho — são professores contratados — não seja renovado no próximo ano. Isto é absolutamente inaceitável! O Ministério continua a dizer que a resposta para os problemas do sistema educativo é o Magalhães. E bem vemos qual foi o caminho escolhido» Sr. Deputado, antes que o Ministério da Educação acabe com o brio profissional dos professores portugueses, antes que o Ministério da Educação acabe com a carreira dos professores, melhor seria que acabássemos com a carreira da Sr.ª Ministra.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. João Oliveira.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, agradeço-lhe as questões que colocou e quero dizer-lhe que, de facto, estes últimos quatro anos demonstram bem os perigos que o País corre quando temos uma maioria absoluta obstinada em levar às últimas consequências políticas que estão comprovadamente a prejudicar o País, em primeiro lugar o sistema educativo e, obviamente, em consequência disso, gravemente, o País, comprometendo seriamente o seu futuro.
Com estes últimos quatro anos da maioria absoluta do Partido Socialista vemos no Ministério da Educação o exemplo daquilo que é a consequência do exercício absoluto do poder. Isto porque, se é verdade que temos tido, no Ministério da Educação, uma equipa ministerial inflexível, uma equipa ministerial que não é capaz de dialogar com ninguém, uma equipa ministerial obstinada em aplicar toda e qualquer medida que seja desenhada pelo Governo sem qualquer discussão, sem qualquer avaliação séria dos prejuízos que pode causar, a verdade é que temos tido nesta Assembleia da República uma maioria que tem dado cobertura a essa actuação ministerial, uma maioria que não ouve os argumentos de quem critica as medidas do Governo nem pondera devidamente os prejuízos que estas medidas podem causar. E a actuação desta equipa ministerial traduzem bem aquilo que é o comportamento do Governo respaldado na maioria parlamentar que o suporta.
A postura desta equipa ministerial, ao longo destes quatro anos, tem sido uma postura baseada na ameaça, no cometimento de ilegalidades e na chantagem exercida sobre os profissionais.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Exactamente!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Temos o exemplo dos professores contratados, que foram chantageados para cumprirem as determinações do modelo de avaliação sob pena de não terem os seus contratos renovados.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Isto é um exemplo clamoroso daquilo que já não deviam ser práticas num Portugal democrático. E, obviamente, Sr.ª Deputada, a única perspectiva que se pode colocar é a da transformação política das circunstâncias que temos no nosso país.

O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, queira concluir.