14 I SÉRIE — NÚMERO 90
facto… —, porque é evidente aos olhos de qualquer um que aquelas instalações e aquele potencial humano
não podem estar ali ao abandono, têm de ser aproveitados.
Ora, já que o Governo quer fazer um observatório da biomassa, nada melhor do que aproveitar aqueles
instalações e juntar o útil ao agradável, ficando em Miranda do Corvo. E não percamos tempo, porque o País
precisa, de facto, de um Centro da Biomassa para a Energia.
Portanto, Sr. Deputado, eu comungarei consigo, seguramente, as críticas que pretende fazer ao Governo
em matéria de ambiente, mas, no nosso caso, temos outro calendário e teremos outro dia para o fazer. Hoje
temos propostas concretas, porque gostávamos de comemorar, como tenho dito desde o início, o Dia Mundial
do Ambiente de forma diferente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: —Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Almeida, quero colocar-lhe
duas questões relacionadas com o projecto de resolução 493/X (4.ª), porque, pela leitura que fizemos, ficaram-
nos duas reservas, que gostávamos de ver esclarecidas.
A primeira reserva tem a ver com a transformação do Centro de Biomassa para a Energia num observatório
nacional para a biomassa. Queremos saber se o PSD acha mesmo necessário transformar o Centro de
Biomassa para a Energia, cuja natureza jurídica é uma associação científica e técnica de direito privado, sem
fins lucrativos, num observatório nacional para a biomassa. Pergunto se não seria melhor criar o que se
pretende no projecto e deixar o Centro da Biomassa para a Energia continuar o importante trabalho que tem
vindo a desenvolver. A nós parece-nos que sim, mas quero também ouvir a opinião do PSD.
A segunda reserva que temos em relação a este projecto de resolução tem a ver com a pretensão de
adicionar a esse observatório a atribuição de certificar os produtos e derivados da biomassa, uma vez que a
acreditação de uma entidade certificadora é conferida por organismos acreditadores independentes, os quais
têm como missão reconhecer a competência técnica daquelas entidades num dado âmbito e de acordo com
as referências internacionais. Portanto, a minha questão é a de saber se o PSD acha razoável ou sensato
estar a recomendar ao Governo que adopte medidas para transformar o Centro de Biomassa para a Energia
numa entidade certificadora, quando essa competência pertence a organismos independentes.
O Sr. Presidente: —Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Almeida.
O Sr. Miguel Almeida (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, muito obrigado pelas
questões que me coloca.
Deixe-me dizer-lhe o seguinte: este foi um trabalho feito em conjunto com o Centro da Biomassa para a
Energia, pois nós reunimos com ele. E, ao contrário do que o Sr. Deputado aqui referiu, hoje em dia,
infelizmente, não é como o Sr. Deputado diz, já não há um extraordinário trabalho do Centro da Biomassa para
a Energia, porque aquilo está abandonado. E esse é que é o problema! Portanto, falta valência ao Centro da
Biomassa para a Energia.
Foram a Câmara Municipal de Miranda do Corvo e a Direcção do Centro da Biomassa para a Energia que
nos propuseram que faria sentido que um tal observatório que o Governo pretende criar pudesse ser feito ali.
Mas, como viu, no nosso projecto de resolução não dizemos unicamente que aquilo se deve transformar
num observatório para a biomassa. Não! Deve ser feito o observatório para a biomassa, mas com outras
valências, entre as quais aquela que o Sr. Deputado agora referiu da entidade certificadora. E aí, Sr.
Deputado, deixe-me dizer-lhe, que também foi a Direcção do Centro da Biomassa para a Energia que nos
explicou — e, depois, tivemos oportunidade de confirmar — que, hoje em dia, se alguém for a uma qualquer
superfície comercial comprar briquetes para utilizar em sua casa, esses briquetes não estão certificados.
Ora, é preciso haver alguém que os certifique, porque também é uma questão de defesa do consumidor.
Isto porque nós podemos ter duas embalagens diferentes, com PCI’s diferentes mas com preços iguais. Ora, o
preço para mim não é o suficiente — o PCI, como sabe, é mais importante —, portanto, é preciso haver
alguém que certifique os briquetes e a entidade pode fazer este trabalho tem capacidade para o fazer.