O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 | I Série - Número: 018 | 23 de Outubro de 2010

Nós também não nos devíamos surpreender, porque isto transmite a postura que os senhores têm perante o poder local! É que exigem ao poder local o que não exigem a vós próprios. Consideram o poder local menor e gostam de ter uma visão paternalista sobre o mesmo.
Sr.as e Srs. Deputados, gostaria de deixar um recado ao Partido Socialista nesta altura tão complicada da vida portuguesa: espero que a bancada Socialista, munida do estilo rosa soft do seu líder parlamentar, consiga transmitir algum bom senso ao rosa shock que paira sobre o Governo português, designadamente na questão das autarquias locais e relativamente à questão do Orçamento do Estado.
Obviamente, não poderá ser esta Câmara obrigada — imagine-se! — a implorar ao poder local o cumprimento das leis, leis que os senhores sabem fazer e desfazer mas que, pelos vistos, não sabem fazer o mais importante: dar cumprimento às mesmas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A transparência na atribuição de subsídios às instituições e associações é um dever de todas as entidades públicas, quer seja a nível local, a nível regional ou a nível nacional. Este deve ser um princípio basilar que todo o sector público, todas as instituições devem cumprir.
Por isso, um dos artigos proposto no projecto de lei do Partido Socialista que se refere à publicitação de todas estas deliberações das decisões por parte das autarquias locais, do nosso ponto de vista, não tem qualquer inconveniente. Aliás, é um aspecto bastante positivo.
Mas isto não é uma novidade. Os Srs. Deputados sabem que há um conjunto de autarquias no nosso País que tem esta prática. Se formos às paginas da Internet desses municípios podemos ver as ordens de trabalhos das câmaras municipais, as deliberações, quais são os subsídios atribuídos e os seus montantes.
No entanto, é uma medida que pode ficar explanada na nossa legislação.
Outra questão a que gostaria de me referir tem a ver com o estabelecimento de critérios de atribuição dos apoios a essas instituições. Naturalmente, não está em causa a mais-valia e o trabalho que estas associações e instituições desenvolvem do ponto de vista local, mas também do ponto de vista nacional. Esta também já é uma prática de muitas autarquias do nosso país. Não há dúvidas de que este deve ser também um dos aspectos que tem de ser cumprido, mas cumprido por todos — por todo o poder público e por todas as instituições públicas. É que se exige que sejam estabelecidos estes critérios às autarquias, mas o Partido Socialista não vem exigir que o Governo ou que as várias entidades públicas da administração central também tenham de estabelecer estes mesmos critérios.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Não compreendemos esta dualidade de critérios que o Partido Socialista propõe. Deveríamos estar aqui a discutir que o Governo, as várias instituições do sector público e as autarquias deviam ter mais clareza e transparência nos apoios atribuídos.
Também não acompanhamos o que está implícito neste projecto de, mais uma vez, levantar uma suspeição em relação ao poder local democrático.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Trata-se da suspeição de que é no poder local democrático, nas autarquias e nos autarcas que se registam os grandes problemas de corrupção no nosso país, ideia que rejeitamos claramente.
Este é um problema do nosso país, que se coloca quer ao nível do poder central quer ao nível do poder local, que deve ser combatido de igual forma. Não estamos de acordo nem consideramos que seja a esse nível que se colocam os grandes problemas de corrupção do nosso país.