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15 | I Série - Número: 020 | 3 de Novembro de 2010

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Macedo, no seu discurso ficou bem clara a manutenção e a continuação do discurso político do PSD.

Vozes do PS: — Exactamente!

O Sr. Primeiro-Ministro: — A única coisa que vai no vosso espírito é: «Quando e como causar uma crise política; quando causar instabilidade;»

Aplausos do PS.

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Se cumprir não haverá crise!

O Sr. Primeiro-Ministro: — » e — pior do que isso — quando é que podemos aproveitar estes resultados das sondagens, agora que o Governo enfrenta a dificuldade de ter de propor medidas difíceis?»!» Sr. Deputado, no seu discurso afirma que tomámos medidas, em 2009, a pensar nas eleições»

Vozes do PSD: — Claro!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado desculpará, mas isso não é verdade!

Protestos do PSD.

Em 2009, houve a maior crise mundial desde os últimos 80 anos.

Vozes do PSD: — Ah, não foi em 2008?»

O Sr. Primeiro-Ministro: — E, se o Sr. Deputado considera que aumentámos a despesa do Estado por causa das eleições, talvez seja capaz de nos explicar por que razão a França, que não tinha eleições, aumentou o seu défice e a sua despesa pública, por que razão a Suécia, a Finlândia, todos os países europeus aumentaram os seus dçfices e aumentaram as suas despesas põblicas»! Mas eu explico: é porque, em 2009, o desafio que se colocava aos Estados era o de intervirem rapidamente para conter o efeito social e económico das crises financeiras.
O que se está a passar, de certa forma, é uma desforra política da direita em todos os países, direita que agora, aproveitando a crise da dívida soberana, ataca os Estados como se estes tivessem estado na origem da crise. Não foram os Estados, foram os mercados desregulados que estiveram na origem desta crise!! É por isso que não tem razão quando refere o seu argumento de 2009. O Sr. Deputado não tem razão quando olha para este momento e pretende convencer os portugueses de que só em Portugal se vivem dificuldades, de que todas as dificuldades que o País enfrenta, resultantes da turbulência dos mercados financeiros, são da culpa do Governo, como se não existissem dificuldades em toda a zona euro, como se não existissem mais de metade dos países da União Europeia com défices excessivos, como se não existissem, este ano, países a aumentar os seus défices e as suas dívidas para responderem às consequências da crise.
Desculpará, Sr. Deputado, mas a perspectiva e a ilusão de que estas dificuldades são só portuguesas é um desafio à inteligência dos portugueses!

Aplausos do PS.

O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Eu não disse isso!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não pode sustentar uma avaliação com base nisso.