12 | I Série - Número: 046 | 3 de Fevereiro de 2011
clarividência de separar o terreno da luta política para governar a cidade do que era importante enquanto reorganização da cidade e estruturação do sistema.
Nesse sentido, Sr. Deputado, penso que os nossos partidos, a nível dos seus responsáveis locais, estão de parabéns, porque souberam colocar de parte o interesse partidário imediato, a luta política, para procurarem encontrar soluções que sirvam o conjunto da população, a cidade, e para que se possa estruturar e modernizar o Estado.
Penso, pois, que o PS e o PSD deram um bom exemplo ao País e a todos os outros partidos, que não quiseram colaborar connosco neste projecto — refiro-me à cidade de Lisboa — que, tendo começado por dar a sua colaboração, a abandonaram a meio do percurso.
Quanto às questões que colocou, em primeiro lugar, como afirmei, estaremos atentos ao debate público, que, com certeza, poderá trazer questões importantes que possamos não ter reflectido em toda esta negociação e que será essencial para encontrarmos a solução final.
Tendo a noção da sua urgência, Sr. Deputado, estamos disponíveis para encontrar as soluções, porque Lisboa não pode esperar e nós temos uma oportunidade única para fazer uma reforma que, tal como o Sr. Deputado disse, pode ser um bom exemplo para o resto do País. E os bons exemplos, em regra, ou são seguidos ou, se não forem seguidos, dão mau resultado.
Termino, respondendo-lhe como disse há pouco, com as palavras do líder da sua distrital, que referiu no seu discurso da cerimónia de assinatura deste acordo que a formatação administrativa do nosso país tinha sido efectuada no tempo do comboio a vapor. Ora, nós já estamos no tempo da Internet, já estamos no tempo do TGV, já estamos no tempo das altas velocidades e das grandes comunicações e não faz sentido que mantenhamos uma estrutura organizativa que data de há um século.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Coelho, permita-me que, em primeiro lugar, o cumprimente com simpatia, tendo agora ocasião de discutir consigo nesta Assembleia, e não na outra, na Assembleia Municipal de Lisboa, onde várias vezes também tivemos ocasião de trocar opiniões sobre estes assuntos.
Permita-me, pois, que o cumprimente pela sua intervenção, mas que, no entanto, lhe deixe algumas reflexões, algumas preocupações e uma posição diferente por parte do CDS-PP nesta matéria.
Talvez até comece por uma pequena nota política para lhe dizer que, de repente, isto parece ter virado para muita simpatia central» Quer dizer, ainda há pouco tempo eu vos via de mão dada com o BE, em campanha presidencial, e, de um momento para o outro, toda a conversa parece ter virado para o centro.
O Sr. Deputado sabe que esta discussão começou com um pedido de estudo, o que me parece bem — e esperamos que este estudo não tenha o mesmo destino que tiveram outros estudos, pedidos pelo mesmo Dr.
António Costa, não na qualidade de Presidente da Càmara mas na de Ministro»
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Mas, como dizia, tudo começou com um pedido de estudo feito a duas instituições, designadamente ao ISEG e ao Instituto de Ciências Sociais, sobre a reorganização administrativa de Lisboa. Esse estudo, que o Sr. Deputado conhecerá bem, eventualmente até melhor do que eu, concluía com três possibilidades: a primeira, não desejável, era a de deixar tudo como está, ou seja, ficarmos com as 53 freguesias; a segunda apontava para 27 freguesias, o que está relativamente próximo do que foi acordado pelos dirigentes do PS e do PSD; e a terceira, uma solução mais funda, mais radical, de mudança real, seria a solução de nove freguesias.
Ora, na nossa opinião, a solução das nove freguesias era a que mais aproximaria, de facto, Lisboa das outras grandes capitais europeias. Por exemplo, Paris tem 21 bairros administrativos (arrondissements, na expressão francesa) para 2 milhões de habitantes; Lyon tem nove para 1,1 milhão de habitantes; Roma tem 20 para 2,5 milhões de habitantes; Barcelona tem 10 para 1,5 milhões de habitantes.