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13 | I Série - Número: 046 | 3 de Fevereiro de 2011

Ora, tal significa que para Lisboa, tendo cerca de meio milhão de habitantes, nove freguesias seriam mais do que suficientes. Para Lisboa, esse número seria o normal, seria até o racional e permitiria, além disso, uma coisa fundamental, que era termos não só freguesias mas verdadeiros governos de bairro, por assim dizer, copiando até o modelo daquelas cidades, ou seja, governos para os quais as câmaras pudessem transferir competências, descentralizando, reforma essa mais profunda. O CDS tem defendido este modelo das nove freguesias.
Sr. Deputado, o que lhe pergunto é se, ao ficarmos com 24 freguesias — essa é a vossa proposta e nós avançaremos com a nossa proposta de nove — , não estamos, no fundo, a meio de uma reforma e se não estamos, de facto, a fazer, mais do que uma reforma séria de corte radical, de mudança radical e de um novo modelo de governo para Lisboa, uma espécie de mapa de Tordesilhas de entendimento entre os dois partidos que são maioritários nas freguesias.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Coelho.

O Sr. Miguel Coelho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Telmo Correia, em primeiro lugar, queria cumprimentá-lo. Já tivemos oportunidade, em sede da Assembleia Municipal, de desenvolvermos algumas reflexões sobre políticas da cidade, mas queria dizer-lhe que não convém misturar dois planos completamente diferentes. E V. Ex.ª quis iniciar a sua intervenção desse modo.
Temos com o seu partido, com o PSD e também com os partidos à nossa esquerda profundas divergências sobre muitas coisas. Não vale a pena querer começar a desvalorizar uma reforma profunda que é feita na cidade de Lisboa, apresentando argumentos do género de dizer que estamos a reeditar uma espécie de bloco central quando no tempo das presidenciais estávamos de acordo com uns e agora estamos com outros, ou que estamos a fazer uma espécie de Tratado de Tordesilhas. Essa é a forma menos séria de discutir um problema muito sério na cidade de Lisboa, para o qual uma das referências morais e fundadoras do seu partido, o Presidente Kruz Abecasis, já tinha alertado, reconhecendo que havia freguesias a mais na cidade de Lisboa.
De facto, o estudo propunha três saídas, ou seja, manter tudo como está, reduzir para nove o número de freguesias ou adoptar a proposta de 27 freguesias. Como se diz, no equilíbrio é que está a boa solução e, portanto, Sr. Deputado, considero que esta proposta de 24 freguesias, não das 27, é a proposta razoável, que tem em conta as nossas tradições, que não faz uma revolução — não se trata de fazer uma revolução! — , que respeita a identidade de bairro que existe em Lisboa e que está muito arreigada e é uma solução que provocará uma profunda transformação na forma de agir e de intervir na cidade e no relacionamento dos munícipes com os eleitores. É, pois, isto que está em causa.
Portanto, Sr. Deputado, naturalmente que a proposta que o CDS-PP faz tem cabimento no debate público que se vai seguir agora, mas devo dizer-lhe que não estou nada de acordo com ela. Aliás, se cada um de nós fizesse o seu próprio estudo, se calhar fazia uma proposta com mais ou menos freguesias — eu próprio já fiz esse exercício e o resultado não foi este, mas era parecido.
Gostaria, pois, de dizer que com o actual modelo, com a legislação que temos, enquadradora da reformulação possível, considero que esta será uma boa reforma, que vai servir Lisboa e que será um exemplo para o País.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Luís Fazenda): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Coelho, o PCP, como sabe, não nega a eventual necessidade de se fazer uma avaliação do mapa administrativo da cidade de Lisboa e uma eventual discussão em torno da sua reorganização. Mas aquilo que o Sr. Deputado hoje aqui veio retratar, e que, aliás, foi apresentado como uma negociata»