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10 | I Série - Número: 055 | 24 de Fevereiro de 2011

segurança, o interesse da democracia. Sempre ao lado das chancelarias que suportaram, financiaram, negociaram, confortaram e elogiaram estas ditaduras que o povo árabe está a derrubar agora, num efeito dominó que leva a voz dos jovens tunisinos à Praça da Liberdade, no Cairo, e aos bairros de Tripoli.

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Muito bem!

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Mas a todos esses o Governo português responde com subserviência.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É este Governo seguidista e subserviente que recebe neste mesmíssimo momento o Embaixador de Marrocos para significar que Portugal não faz sua a exigência das Nações Unidas de um referendo para a auto-determinação do Sahara Ocidental.

O Sr. Heitor Sousa (BE): — Muito bem!

O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Repete o apoio aos ditadores sobreviventes, para se manter nas suas boas graças. Continuísmo, subserviência, obediência, em vez de democracia, de clareza nas relações externas, de fidelidade aos valores essenciais, eis aquilo que torna insignificante a diplomacia do Estado português.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado José Manuel Pureza, evidentemente que há uma parte na qual estamos de acordo, que é em relação à condenação face a tudo o que se está hoje a passar na Líbia e que atenta contra princípios fundamentais dos direitos humanos, a que somos todos sensíveis, creio eu, nesta Câmara.
Agora, não posso deixar de verificar que o Sr. Deputado começa por condenar o que se está a passar na Líbia e a seguir ataca, com uma violência inusitada, a Europa, que, por acaso, é constituída por um conjunto de democracias representativas, e depois ataca o Governo português de uma forma absolutamente insidiosa.

Aplausos do PS.

Dá até a impressão, Sr. Deputado, que a Líbia foi apenas o pretexto para, mais uma vez, o Bloco de Esquerda atacar a Europa, o Governo português, o Partido Socialista e o Primeiro-Ministro, uma vez mais, de uma forma totalmente inaceitável.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado José Manuel Pureza, o Sr. Deputado fez uma verdadeira declamação, mas não enunciou um único princípio válido de política externa aplicável a este País ou a qualquer país do mundo, porque retiramos algumas consequências. O que é que aconteceria se dessa declamação resultassem consequências de ordem prática? Com quem manteríamos nós relações diplomáticas? Que tipo de relações diplomáticas manteríamos com a maior parte dos países do mundo, nomeadamente com aqueles países onde subsistem regimes que inspiraram, durante muito tempo, os partidos que estiveram na base da constituição do próprio Bloco de Esquerda?

Aplausos do PS.

Como é que poderíamos manter qualquer tipo de relacionamento diplomático, hoje, com estes países? Sr. Deputado, o que o senhor fez foi, de facto, um exercício politicamente sem sentido. O antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, o Sr. Hubert Védrine, dizia, há algum tempo, num livro, que «nem realpolitik em excesso, nem a completa irrealpolitik». Mas o Sr. Deputado foi para além da irrealpolitik, fez um