19 | I Série - Número: 067 | 24 de Março de 2011
Aplausos do PS, de pé.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco de Assis, o País tem vindo a enfrentar, desde 2008, períodos de grande dificuldade numa conjuntura incerta, cheia de riscos, que muitas vezes nos surpreendeu; não só a nós, mas a muitos por todo o mundo. E enfrentamos estas dificuldades com um grande sentido de responsabilidade: procuramos dia-a-dia dar resposta a essas dificuldades e vencê-las.
Tivemos que avançar, ao longo de todo este período, com medidas muito exigentes para os portugueses, e fizemo-lo sem receio dos danos colaterais que tais medidas poderiam ter na imagem, na popularidade, nas sondagens de quem está a governar. Desgastou-se a imagem, é verdade! Perdeu-se popularidade, mas ganha-se uma coisa muito valiosa: o que se ganha é a satisfação do cumprimento do dever, é a satisfação de estarmos à altura das nossas responsabilidades!
Aplausos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já olhou para o País à sua volta?!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Infelizmente, não é essa a atitude dos partidos da oposição em geral, à direita e à esquerda, e muito em particular do partido que, pela sua dimensão e pelo apoio que tem no País, deveria revelar o maior sentido de responsabilidade.
O Sr. Miguel Macedo (PSD): — É exactamente por isso! Somos grandes por causa disso!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — É um partido que só está preocupado, há quase um ano, em encontrar a melhor forma de chegar ao poder custe o que custar, mesmo que lhe tenha custado ter de fazer um acordo em Outubro»
O Sr. Miguel Macedo (PSD): — Isso custou, é verdade!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — » com o Governo para viabilizar o Orçamento. E fê-lo não com a preocupação de defender o País mas, sim, com a preocupação de se defender a si próprio.
Fê-lo de tal maneira que procurou sempre tirar dividendos políticos para o seu partido dessa negociação; não o fez para mostrar aos portugueses que está alinhado com as suas preocupações, que é solidário com as suas dificuldades e que está genuinamente empenhado em vencer essas dificuldades.
O Sr. João Galamba (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Em Outubro, Sr. Deputado, apresentou o Governo a esta Assembleia um Orçamento com medidas muito penalizadoras para a generalidade dos portugueses — tenho consciência disso — , e fê-lo sem as negociar,»
O Sr. João Galamba (PS): — É verdade!
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — » sem dialogar fosse com quem fosse antes de o apresentar. Aliás, o maior partido da oposição nem queria sequer dialogar ou negociar — dizia que era nossa responsabilidade apresentar essas medidas. Mas depois, Sr. Deputado, pediram-me ingentemente que negociasse com o PSD, que evitasse uma crise política, que chegássemos a acordo. E por isso há algo que agora me deixa muito perplexo: é que no momento em que, tal como em Outubro, o Governo apresenta as suas propostas para prosseguir com a resolução das dificuldades que temos, ninguém fez um apelo a que nos