23 | I Série - Número: 072 | 7 de Abril de 2011
Verdadeiramente, é isto que vai estar em confronto no próximo acto eleitoral. Por isso, partimos para este acto eleitoral com absoluta confiança, sem triunfalismos, sem arrogância, mas antes com a determinação de quem tem convicções profundas, de quem tem uma visão e um projecto para o País e está disposto a bater-se por esse projecto e por essa visão, porque estamos convencidos de que é o mais adequado para Portugal.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, nesta minha última intervenção como líder parlamentar na Assembleia da República, gostaria de vos dizer que levo desta Legislatura, como certamente todos os Srs. Deputados, boas e más recordações. A pior de todas é o excesso de conflitualidade que marcou este período. Desde a retórica que é utilizada até a alguns comportamentos que foram exibidos, há hoje um excesso de conflitualidade na vida política portuguesa que tem de ser combatido e deve ser corrigido. Parto daqui com a esperança de que, na próxima legislatura, seja possível combater este problema, que é hoje um dos problemas mais graves da vida política portuguesa.
A democracia vive do conflito e do compromisso e vive de um equilíbrio justo entre o conflito e o compromisso. Infelizmente, ao longo do último ano e meio, não foram raras as ocasiões em que o conflito gratuito e até inútil prevaleceu sobre o sentido do compromisso. Espero que numa próxima legislatura seja possível corrigir esta que é uma das principais deficiências da nossa vida democrática hoje em dia.
Todo o compromisso é visto como uma traição. Todo o entendimento é perspectivado por alguns sectores mais radicais da nossa vida política como a demissão das nossas convicções mais profundas. Mas, Sr.as e Srs. Deputados, só os fortes estão disponíveis para os grandes compromissos. É sinal de fraqueza não ter disponibilidade para os compromissos; é sinal de fraqueza insistir muitas vezes no culto de uma identidade que se fecha completamente aos outros e que não é capaz de compreender as razões dos outros.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, mas se esse é um motivo de amargura, também houve muitos motivos de satisfação ao longo desta Legislatura.
Para terminar, depois de um ano e meio de intenso contacto e convívio que todos mantivemos, gostaria de dizer que o mundo, visto a partir de um Parlamento, é sempre um mundo mais inteligente porque mais plural, é um mundo em que nos abrimos para a diferença, para as razões dos outros e onde temos de fazer o esforço de compreender os outros. É assim, aliás, que entendemos o Parlamento: como um local de debate onde os argumentos devem prevalecer sobre o insulto, onde a afirmação das nossas posições deve ter sempre como contraponto o respeito pelas posições dos outros.
Justamente, gostaria de salientar que ao longo deste último ano e meio tivemos aqui muitos momentos em que, apesar de tudo, foi possível estabelecer compromissos. De entre isso, quero salientar a forma como nos relacionámos entre líderes parlamentares, saudando todos os grupos parlamentares nas pessoas dos respectivos líderes, porque foi sempre possível manter uma relação civilizada, uma relação séria, mesmo quando divergíamos, ou seja, mesmo quando concluíamos que não tínhamos qualquer ponto de encontro final, foi sempre possível manter essa relação séria, pelo que saúdo todos os líderes parlamentares que estão a exercer as suas funções, sem esquecer o Dr. Pedro Aguiar Branco, que também exerceu funções de líder parlamentar do PSD o início desta legislatura.
Aplausos do PS.
Gostaria de referir ainda que encontrei, em todas as bancadas, muitas pessoas que se impuseram à minha admiração pela sua inteligência, pela qualidade da sua intervenção e pela forma dedicada como se entregam às questões nacionais, independentemente das suas opções ideológicas e da nossa diversidade políticoprogramática. Do Bloco de Esquerda ao CDS, encontrei muita gente que faz falta ao nosso País e que vai certamente ter uma presença activa na construção do nosso futuro. Julgo que não devemos esquecer este aspecto.