I SÉRIE — NÚMERO 89
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Dr. Durão Barroso, quando tomou posse, em 2002, também dizia, no célebre «discurso da tanga», que a culpa
era do Partido Socialista.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Se formos recuando na vida política portuguesa, assistimos, desde há décadas, a um passa-culpas
permanente entre o PS e o PSD. Portanto, o passa-culpas atual do PSD também não é novidade.
A pergunta que gostaria de colocar-lhe, Sr. Deputado, é a seguinte: perante esta situação, perante os
resultados péssimos das políticas do PSD, perante a reafirmação do PSD de que vai prosseguir neste
caminho, quais são as razões para que os portugueses possam ter esperança no PSD? É só porque o líder do
PSD diz que os portugueses devem ter esperança? A verdade é que não há um único elemento que leve os
portugueses a acreditar que, com estas políticas do PSD, a situação social possa vir a melhorar.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de
Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José de Matos Rosa, em
primeiro lugar, permita-me que, em nome do CDS e em nome pessoal, o cumprimente pela realização do
Congresso do Partido Social Democrata e também, na sua pessoa, todos os órgãos eleitos nesse Congresso
e a si, especialmente, na qualidade de Secretário-Geral, um cargo que conheço bem e sei o esforço que
implica, designadamente na organização de um congresso.
Quero dizer-lhe aquilo que ficou evidente na realização do Congresso do PSD: o PSD é certamente o
partido que, neste momento, lidera a governação do País e lidera uma coligação, de que o CDS faz parte,
participando num projeto, que é um projeto nacional de recuperação do País.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Isso ficou claro pela presença do Presidente do nosso partido
na abertura dos trabalhos e pela delegação que tivemos no encerramento. É que não era uma mera
circunstância, era um momento importantíssimo para mostrarmos e comprovarmos aquilo que sabemos todos
os dias: Portugal enfrenta um momento de extrema dificuldade, tem um Governo que é constituído por dois
partidos, mas tem uma única maioria e um único Governo, que enfrentam todas essas dificuldades com
convicção, com empenhamento e com a certeza de que recuperarão o País desta situação.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Foi por isso, Sr. Deputado, que fomos ouvindo, ao longo de todo o Congresso — e a oposição pode dizer o
que quiser (as oposições dizem sempre o mesmo sobre os congressos dos partidos de poder, é verdade), mas
não pode dizer que não foi discutido o País —, a referência a muitas matérias importantes. O sentido de
Estado que o Sr. Presidente do PSD e Primeiro-Ministro de Portugal teve nas diferentes intervenções que fez
e a importância de várias intervenções no Congresso, que referiram o compromisso deste Governo com a
ética social na austeridade, atestam que não é verdade que não se tenha referido aqueles que mais sofrem. É
evidente que quem governa o País, neste momento, sabe que há muitos portugueses a sofrer, mas também
sabe muito bem por que é que isso aconteceu e como é que isso pode deixar de acontecer. E é para isso que
é preciso ter políticas, políticas que saibam tirar Portugal desta situação.
É nesse sentido, e concretamente em relação a uma matéria, que queria questionar o Sr. Deputado. No
Congresso, foi feito um apelo pelo Sr. Presidente do PSD e Primeiro-Ministro de Portugal ao maior partido da
oposição, no sentido de que aquilo que é convicção dos dois partidos que fazem parte desta maioria não seja
exclusivo desses dois partidos e seja alargado: a importância de, nos compromissos internacionais,