7 DE ABRIL DE 2012
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A Sr.ª Presidente: — Pedia aos Srs. Deputados que não se estendessem demasiado tempo nas
perguntas, que, às vezes, perfazem quase o dobro do tempo regimental.
O Sr. Ministro informou a Mesa que responderá a grupos de três perguntas.
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, ouvimo-lo
ontem dizer que o corte dos subsídios não teria lugar em 2014; à noite, ouvimos o Primeiro-Ministro a dizer o
contrário; e hoje — milagre! — temos o dito por não dito novamente.
Há uma pergunta cuja resposta os portugueses querem saber, que é: qual a palavra que vale mais — se
este Governo, sequer, tem palavra? Em 2014, há ou não pagamento dos subsídios, há ou não pagamento dos
salários, há ou não pagamento das pensões aos reformados portugueses? É que não se pode andar a brincar
com os portugueses, como parece ser o que este Governo anda a fazer.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Ontem, o Sr. Ministro dizia uma coisa, à noite foi desmentido pelo
Primeiro-Ministro e hoje parece querer desmentir o Primeiro-Ministro aqui.
Afinal, em que ficamos? Há ou não pagamento dos subsídios em 2014? É que o Sr. Primeiro-Ministro disse
que não há, mas isso vai contra as promessas que tinham sido feitas por si, Sr. Ministro, quer no Orçamento
do Estado, quer ontem, quer hoje mesmo, aqui.
O Sr. Primeiro-Ministro disse que não vai ser feito esse pagamento em 2014 e que logo se verá em 2015. E
nós já sabemos o que aí vem a seguir, ou seja, é que, em nome das dificuldades que continuarão a existir,
nem em 2015 haverá subsídios para dar aos portugueses. Por isso, Sr. Ministro — o senhor não pode sair
daqui sem responder —, repito-lhe a pergunta: há ou não pagamento dos subsídios em 2014? Há ou não
pagamento das pensões em 2014?
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Com este Orçamento retificativo, percebemos que, afinal, o que era
mau vai ficar pior. Porque dizia-nos no final de 2011 que o PIB teria uma recessão este ano de 2,8%, mas
afinal diz-nos agora, quatro meses depois, que será de 3,3%. O consumo privado passa de -4,8% para -5,8%
e o desemprego passa dos maus 13,4% de taxa de desemprego para uns piores 14,5%.
Por conseguinte, esta política leva o País de mal a pior, e este Orçamento não corrige, antes ratifica o
caminho errado que o Governo escolheu para o País. Por isso, Sr. Ministro, pergunto-lhe o seguinte: não
aprende com a realidade? O que a realidade está a dizer é que a política deste Governo está a esgotar
Portugal e está a conduzir o País à destruição.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado João Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, este Orçamento
retificativo é a demonstração de que o seu discurso e o discurso do Governo no passado, no sentido de que
era uma obrigação de Portugal fazer uma consolidação orçamental de dois terços do lado da despesa e um
terço do lado da receita, é falso.
Portanto, Sr. Ministro, a partir de hoje, teremos muita dificuldade em aceitar a palavra do Governo quanto a
matérias que podem e não podem ser revistas neste Memorando de Entendimento, porque uma das mais
determinantes e uma medida, uma imposição (ou uma alegada imposição) que o Sr. Ministro usou repetidas
vezes para rejeitar propostas da oposição a partir de hoje não a pode voltar a usar.
Mas, Sr. Ministro, não está apenas em causa o falhanço da sua suposta estratégia prioritariamente pelo
lado da despesa, mas todos os dados macroeconómicos pioram. No debate do Orçamento do Estado, o Sr.
Ministro disse que não havia folga nos juros e agora constatamos que há uma folga de 700 milhões de euros