29 DE SETEMBRO DE 2012
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Hoje, dir-se-ia que não é tanto uma solução «à argentina», é
um pouco mais uma solução «à grega». Infelizmente, mais uma vez, não resolvem o problema, porque, por
muito que o PCP e o Bloco de Esquerda tentem moderar as suas propostas para parecer que, afinal, isto não
é uma solução de rutura, que isto, afinal, é uma solução que tenta manter a situação, sem que o País sofra
com essa mesma rutura, não conseguem evitar a comparação evidente: se estas propostas são só para
alargar prazos, se são só para reduzir taxas de juro, se são só para conseguir estas condições, então, isto é
para fazer o que a Grécia fez, e nós sabemos que aquilo que a Grécia fez não correu bem. Nós sabemos que
os gregos, neste momento, não estão melhor. E os gregos não são os políticos, são as pessoas, na Grécia! As
pessoas não estão melhor do que estavam antes da renegociação que a Grécia fez.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E antes do pacto?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E o que se sabe da renegociação que a Grécia fez é que
aquela renegociação, provavelmente, foi a primeira antes da próxima, por uma razão simples: este tipo de
caminho, a renegociação, leva a uma consequência, que é a de ser muito difícil evitar a renegociação
seguinte, mas ser quase impossível melhorar a situação de cada pessoa, em cada momento.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Não é verdade!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Isto aumenta a responsabilidade de quem está, neste
momento, no Governo e na maioria. É verdade! É que dizer que uma alternativa não é suficiente aumenta a
responsabilidade de quem tem de conduzir a política, em cada momento. E é evidente que quem tem de
conduzir a política, neste momento, este Governo e esta maioria, tem de saber que o contrato que foi assinado
com a troica, porque tivemos de o assinar porque tivemos de arranjar solução para o problema de não ter
dinheiro para pagar salários e pensões, tem de ser visto muito mais como um acordo de partes do que como
um contrato de adesão.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Belo acordo!…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E Portugal tem de ser capaz de fazer valer a sua posição, tem
de ser capaz de, a cada momento, dizer onde vamos chegar e como vamos chegar, tem de saber justificar, se,
em determinado momento, neste caminho, é precisa mais uma etapa, por que é que essa etapa adicional é
precisa. E, se é precisa mais uma etapa adicional e se conseguir explicar por que é que ela é precisa, importa
conseguir que não sejam sempre os mesmos a fazer o esforço dessa etapa adicional.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E, se não for assim, quem é que assume a responsabilidade?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Porém, no final de cada período, também é preciso saber
responder pelos resultados que se conseguiram e pelos que não se conseguiram, porque, se assim for, se
houver essa transparência, se houver a capacidade negocial de perceber que, apesar de estarmos numa
situação difícil, temos de ver esse Programa como um contrato entre partes e não como um contrato de
adesão, se conseguirmos manter o horizonte de chegada e se conseguirmos manter a credibilidade, para que
as pessoas acreditem que conseguimos atingir a esse ponto de chegada, nós conseguiremos e, se nós
conseguirmos, Portugal consegue.
Pelo contrário, se seguirmos o caminho da hesitação, o caminho da renegociação, o caminho da
inconsequência, sabemos que o nosso destino é o da Grécia e nós estamos empenhados em evitá-lo.