19 DE OUTUBRO DE 2012
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Aplausos do PS.
O discurso que aqui fez é um discurso inaceitável, é um discurso de desespero, é um discurso que não tem
sentido de Estado.
O senhor não demonstrou aqui o perfil de um Ministro da Economia, do Emprego, das Obras Públicas, dos
Transportes… Não, isso não é de um Ministro, de um homem que tem essa responsabilidade!
Aplausos do PS.
É inaceitável, Sr. Ministro, que, nesse discurso, não tenha tido uma réstia de palavras de esperança, uma
réstia de solução para as áreas que o senhor tutela, em particular para a área do emprego.
O senhor fez uma epifania sobre o vazio, ou não, o senhor não fez uma epifania sobre o vazio, o senhor fez
uma epifania sobre 1 milhão de desempregados, que não tiveram uma palavra sua, que não tiveram uma
referência, que não tiveram uma solução e que não veem nenhuma linha de atuação do Sr. Ministro.
Aplausos do PS.
O Sr. Ministro enganou-se no calendário: eu estava a ouvi-lo falar e pensei tratar-se de um discurso
proferido há dois anos, de oposição ao Governo que então estava em funções.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Diga lá o nome! Não tem problema!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Acontece, Sr. Ministro, que o tempo não parou e o último ano e meio não
foi uma festa, o último ano e meio foi uma tragédia para o País…
Vozes do PS: — Uma desgraça!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — … e o senhor é um dos rostos dessa tragédia e desse desaire!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Economia e do Emprego, com
este Governo os portugueses estão a ser sujeitos a uma onda de sacrifícios sem paralelo na nossa história:
levam com uma carga fiscal pesadíssima, que, aliás, tende a agravar-se no próximo Orçamento do Estado;
assistem à redução dos seus salários, das reformas e das pensões; aumentam as dificuldades de acesso aos
apoios sociais; os serviços públicos perdem qualidade e as políticas sociais acabam por ser os parentes
pobres deste Governo.
Esta tem sido a receita do Governo.
Vejamos, agora, os resultados: o desemprego real já ultrapassou os 20% e continua a bater recordes
históricos todos os dias; o número de falências, sobretudo de micro e pequenas empresas, não para de
crescer; a dívida aumenta; a recessão instalou-se; o País e os portugueses estão mais pobres.
Ora, quando confrontamos a receita do Governo e os resultados produzidos, teremos de concluir,
forçosamente, que este não pode ser o caminho. Esta receita não serve, pois não resolve nenhum dos nossos
problemas. Está bom de ver que só uma teimosia — eu diria até doentia — do Governo leva a insistir numa
receita que, para além de nada resolver, ainda contribui para agravar o problema.
Não é necessário ser Nobel da Economia para perceber que uma dívida não se paga com sacrifícios. Uma
dúvida paga-se com a criação de riqueza e, portanto, a palavra-chave tem de deixar de ser «austeridade» e
passar a ser «produção» — a nossa produção, a produção nacional, porque se não produzimos não criamos