I SÉRIE — NÚMERO 81
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Agradeço também as felicitações que o Sr. Primeiro-Ministro dirigiu ao Partido Socialista. Tomara eu
também ter razões para lhe dirigir felicitações, Sr. Primeiro-Ministro, mas não tenho.
Sr. Primeiro-Ministro, gostava de lhe dizer que o pressuposto da minha pergunta é o seguinte: o Sr.
Primeiro-Ministro, em reação à decisão do Tribunal Constitucional, aliás, numa reação que diminui, e muito, a
cultura democrática neste País, teve oportunidade de dizer que ia promover cortes na educação, na saúde e
na segurança social.
O Sr. Primeiro-Ministro escreveu à troica; nestes 15 dias, surgiram várias notícias na comunicação social,
que não foram desmentidas; houve uma reunião do Conselho de Ministros que durou, segundo os relatos,
cerca de 11 horas. Portanto, o que é normal é que os portugueses perguntem que cortes são esses e que
decisões foram essas que foram tomadas no Conselho de Ministros.
Por isso é que lhe pergunto, Sr. Primeiro-Ministro, o que é que é do seu conhecimento, do conhecimento
do Governo e da troica que não é do conhecimento deste Parlamento nem dos portugueses?
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado, agora, sim, consegui compreender melhor o
sentido da sua pergunta…
O Sr. João Oliveira (PC): — Estava a fazer-se desentendido! Confesse lá!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, o Conselho de Ministros que teve lugar na quarta-feira passada
visou encontrar, como estava previsto, poupanças dentro dos programas orçamentais que pudessem
responder parcialmente, porque não é possível na totalidade, às medidas que foram invalidadas pelo Tribunal
Constitucional no seu acórdão sobre o Orçamento do Estado para 2013.
Essas poupanças foram anunciadas num briefing logo no dia a seguir ao Conselho de Ministros, que, devo
dizer, decorreu com total normalidade, na medida em que decorreu dentro da sua agenda normal e foi
completado por esta agenda, que se tornou também normal, na sequência do acórdão do Tribunal
Constitucional, pois o Governo tinha de proceder a estes acertos.
Tal como foi comunicado no briefing que teve lugar na quinta-feira de manhã, ontem mesmo, o Governo
anunciou que iria reduzir nos programas orçamentais que constavam do Orçamento do Estado para 2013
despesas relativas a pessoal e à aquisição de bens e serviços, dentro da reserva que o Orçamento sempre
contém para as diversas áreas setoriais.
Significa isto que, tal como será conhecido com detalhe técnico na altura em que for apresentado o
orçamento retificativo, o Governo entendeu que deveria fazer alterações de despesa orçamental dentro dos
atuais programas, sem prejuízo de medidas que venham a ser executadas ainda este ano em antecipação a
medidas de 2014 e de 2015, que têm um caráter mais estrutural e permanente e que podem ser, em alguma
medida, antecipáveis para este ano.
Mas dissemos também, nesse briefing, e quero aqui reafirmá-lo, que estamos inteiramente interessados —
de resto, transmiti-o diretamente ao Sr. Deputado António José Seguro, numa reunião que tivemos esta
semana — em que esse quadro de obrigações de médio prazo, que deveremos colocar à discussão do País,
possa ser objeto de um consenso o mais alargado possível, não querendo com isto dizer que o Governo
pretende obter o apoio da oposição para todas as medidas, mas significando que está inteiramente disponível
para, quer com os partidos da oposição, muito em particular com o Partido Socialista, quer com os parceiros
sociais, discutir essas opções de caráter mais estrutural, para futuro.
Mas, mais do que isso, o Governo declarou, desta feita não no Conselho de Ministros mas na carta que tive
ocasião de endereçar ao líder do PS, Sr. Deputado António José Seguro, o que tive ocasião de lhe reafirmar
na reunião que tivemos esta semana, que é intenção do Governo que as opções de fundo sobre a reforma
estrutural do País, que há de conduzir a que certas despesas que sejam canceladas e a poupanças estruturais
para o País, sejam alargadas à estratégia de crescimento para o País e à estratégia europeia.
E aqui renovo, Sr. Deputado, o convite que lhe fiz nessa altura.