I SÉRIE — NÚMERO 81
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Evidentemente que o Governo tem por missão apresentar disponibilidade para consensualizar, tanto
quanto possível, essas propostas. Sr. Deputado, há muito tempo que insisto nisso! Não insisto desde agora, é
há muito tempo!
Ora, compreendo que os partidos da oposição tenham mais dificuldade em querer comprometer-se com
aquela que é a missão essencial dos governos, que é executar as suas estratégias orçamentais. Mas, na
medida em que essas estratégias estão de acordo com objetivos que são relevantes para o País no seu todo e
que respeitam aos compromissos internacionais que temos, é natural que o Governo, sobretudo junto dos
partidos que afirmam estarem disponíveis para ajudar a respeitar os nossos compromissos internacionais,
queira com eles encontrar uma base de entendimento o mais alargada possível para responder a esses
desafios.
Não estaremos de acordo em tudo, com certeza, mas não queria, hoje, estar a enfatizar os antagonismos,
preferia sublinhar aquilo que nos pode aproximar.
Diz o Sr. Deputado: «Mas, então, não há medidas nenhumas.» Gostaria que o Governo não ficasse, na
opinião pública ou no debate parlamentar, naquela situação em que se está «preso por ter e preso por não
ter», isto é, se não apresenta as medidas é por que as está as esconder, se apresenta as medidas é porque
não as quer negociar e consensualizar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Aproveito para dizer que apresentaremos, do lado estrutural, medidas que são importantes, do nosso ponto
de vista, para poder respeitar as metas para o défice que foram negociadas nesta sétima avaliação do
Memorando de Entendimento com a troica. Iremos apresentar aos partidos políticos, ao Partido Socialista e
aos parceiros sociais essas propostas, e vamos fazê-lo até ao fim deste mês, Sr. Deputado.
Trata-se de propostas que não deixaremos de apresentar também à troica, dentro do princípio de que
cumpriremos os nossos objetivos no âmbito do Semestre Europeu, e, portanto, no calendário fixado,
apresentaremos esse menu de medidas, mas salvaguardaremos a possibilidade de as substituir por outras. O
que significa que não podemos ter, no País, no debate público, o mesmo calendário que o Governo tem de
cumprir em termos europeus, mas não deixaremos de encontrar o espaço necessário para pôr as ideias à
discussão e para as abrir a outras ideias.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Concluirei, Sr.ª Presidente, mas pareceu-me importante deixar isto claro no
debate.
Diz o Sr. Deputado que o Governo admitiu uma medida que o Partido Socialista já tinha apresentado na
discussão do Orçamento do Estado do ano passado. Quero apenas recordar que o Partido Socialista, como o
Sr. Deputado disse, apresentou uma proposta de uma taxa sobre as parcerias público-privadas que poderia
render 120 milhões de euros. Ora, o Governo inseriu no Orçamento do Estado, e tenciona cumprir, uma meta
de 250 milhões a obter por via negociada. Essa via — reafirmámo-lo neste Conselho de Ministros — parece-
nos preferível, se for bem-sucedida, evidentemente, já que corresponde a poupanças permanentes, não
ocasionais, de uma taxa extraordinária (é permanente, é, daqui para a frente, todos os anos), e elevámos essa
fasquia em mais 50 milhões, ou seja, para 300 milhões.
Espero que o Governo tenha condições para ser bem-sucedido nessa negociação, mas não quis deixar —
mostrando, de resto, abertura a uma proposta do Partido Socialista — de incluir, se isso não for bem sucedido,
uma taxa que assegure não os 120 milhões de euros, Sr. Deputado, mas, pelo menos, esse resultado, e ela
terá de ser concebida para esse efeito. Espero, nessa altura, que o Partido Socialista possa reconhecer o
esforço que o Governo também tem feito para acolher as suas propostas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.