I SÉRIE — NÚMERO 81
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na esfera do Estado, no setor empresarial do Estado, também com outros de duvidoso critério de apoio a
aquisições, à aquisição de participações sociais, etc., mas a verdade é que, estando o sistema hoje mais
estabilizado, sendo a Caixa Geral de Depósitos uma alavanca importante no sistema financeiro, é também
necessário que daí possa dimanar uma nova postura de relacionamento com as micro, pequenas e médias
empresas que possa fazer chegar ao nosso tecido económico a capacidade para poder desenvolver os seus
negócios.
Os últimos meses têm demonstrado uma grande capacidade dos nossos empresários e das nossas
empresas de adaptação a este período difícil, de uma viragem do ponto de vista daqueles que são os seus
objetivos em matéria exportadora e a economia só pode reanimar-se e o emprego só pode recuperar se, de
facto, todos derem o seu contributo.
É importante que o Governo possa dar esta mensagem ao País…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … e é importante que, tal como pedimos aos partidos políticos, tal como
pedimos aos parceiros sociais, possamos pedir a todas as forças da nossa sociedade que se possam
congregar em torno deste objetivo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, recordou aqui a decisão que
foi divulgada na sequência da reunião do Eurogrupo e do ECOFIN em Dublin na semana passada.
É a primeira vez que, num debate quinzenal, nos podemos reportar a essas decisões que foram assumidas
pelos ministros das finanças, quer da zona euro quer de toda a União Europeia.
Em primeiro lugar, quero sublinhar a relevância estratégica para Portugal dessas decisões. Sabemos que o
nosso regresso aos mercados, que é, como quem diz, a possibilidade de Portugal ter pleno acesso a
financiamento do mercado, é crítico para poder fechar o nosso Programa de Assistência Económica e
Financeira e para poder encontrar os meios adequados, não apenas para financiar as políticas públicas, mas
também para poder financiar a economia e, portanto, o crescimento.
É vital que Portugal seja bem-sucedido neste processo, que já iniciou no segundo semestre do ano
passado, de poder regressar a este financiamento do mercado, dispensando, portanto, os financiadores
oficiais.
Insisto naquilo que já disse publicamente: se não queremos — e não queremos — um segundo programa
de assistência temos de ser bem-sucedidos nos passos que viermos a dar para retomar a confiança dos
investidores e para poder aceder ao financiamento normal do mercado.
Ora, sabemos que há um aspeto que dificulta esse caminho, que está relacionado com o perfil dos prazos
de vencimento dos empréstimos que nos foram concedidos no âmbito do Programa de Assistência Económica
e Financeira.
Em 2011, conseguimos, a seguir a uma negociação de um segundo programa para a Grécia, obter,
juntamente com a Irlanda, a extensão dos prazos dos empréstimos que estavam associados às tranches que
haveriam de ser remetidas para Portugal subsequentemente a esse prazo, mas atendendo a que quer
Portugal quer a Irlanda, mas até mais Portugal, teve um financiamento à cabeça muito elevado isso fez com
que a diminuição dos juros, mas, sobretudo, a diminuição desses prazos para os reembolsos não tivesse
ficado coberto.
Aliás, peço desculpa, mas corrijo: se os juros se expressaram de uma forma abrangente para todos os
empréstimos que tinham sido realizados, a verdade é que a extensão dos prazos dos empréstimos só se
refletiu para as tranches subsequentes e não para aquelas que já tinham sido remetidas para Portugal.
Isso significa — é essa a realidade — uma concentração muito elevada de empréstimos que têm de ser
pagos entre 2015 e 2016, para além, portanto, da Legislatura que estamos a cumprir e depois, em 2021. E
dada essa concentração de pagamentos que têm de ser realizados, há um prémio de risco que onera a dívida