20 DE ABRIL DE 2013
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pelo fecho da sétima avaliação mas também pelo óbvio comprometimento deste Governo com as metas
orçamentais fixadas, cumprindo aquilo que resultou do acórdão do Tribunal Constitucional.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, quero dizer-lhe que gostaríamos de sublinhar que o primeiro Conselho de
Ministros a seguir a essa superveniência, e com o objetivo de proceder a essa correção orçamental, tenha
reafirmado que o caminho de aumento de impostos não é o caminho aceitável, face às circunstâncias do País,
e que o Estado, no inevitável corte de despesa que temos de fazer — sejamos claros —, tenha de começar
por si, dando o exemplo, procurando cortar, como sempre dissemos, nas despesas de funcionamento, nos
consumos intermédios, na aquisição de bens e serviços, nas consultadorias e nos pareceres externos. Isto
parece-me muitíssimo importante, do ponto de vista do sinal que se pode dar aos portugueses de que os
sacrifícios que lhes exigimos são os sacrifícios que, em primeiro lugar, pedimos ao Estado, à sua organização
e ao seu funcionamento.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, nesse corte de despesa, propõem-se também atingir contratos que nem sempre
terão servido o interesse público, nomeadamente as PPP. Sempre aqui dissemos que era importante parar
com as PPP, mas também era importante, dentro daquilo que é normal, no âmbito de um Governo que
respeita a normalidade, do ponto de vista jurídico, poder renegociar as suas condições, de forma a não
prejudicar a estabilidade contratual, que, evidentemente, qualquer pessoa de bem deve respeitar.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, chegados a este caminho, com a
companhia certa e mesmo havendo riscos, entendemos que, ainda assim, é altura de continuarmos a fazer as
reformas necessárias e que têm um horizonte, como também já aqui disse, muito para além desta Legislatura,
muito para além deste Parlamento, nomeadamente com o quadriénio de 2013-2017 para a sua execução. E é
justamente por se tratar de reformas a médio e longo prazo que, a nosso ver, é essencial um largo consenso
político e uma larga convergência social. De resto, é isto que nos tem distinguido de outros países com
programas de ajustamento e, por isso, fez bem o Sr. Primeiro-Ministro ao convidar o maior partido da oposição
para que fizesse parte da reflexão, do ponto de vista da política europeia e do necessário crescimento
económico, agora, que estamos a fechar a sétima avaliação do nosso Programa de Ajustamento.
Importa continuar as reformas estruturais que estão a ser feitas por este Governo, e importa fazê-las em
consenso, até para que sejam duradouras, estáveis.
Permito-me elencar algumas, designadamente a reforma do IRC. Naturalmente, todos desejamos que seja
competitiva e que seja uma boa reforma, mas tão importante como ser competitiva é que seja estável, que
perdure por várias legislaturas, permitindo garantir estabilidade a quem quer investir no nosso País, sabendo
que pode contar com um quadro fiscal estável e duradouro. E isso exige sentido de responsabilidade e
compromisso aos partidos do arco da governabilidade.
Mas também é necessária uma simplificação de procedimentos, para que haja uma política amiga do
investimento. É necessário um reforço da Autoridade da Concorrência, depois de uma lei da concorrência que
foi feita aqui, no âmbito do Programa de Ajustamento, e que conferiu maiores poderes à Autoridade da
Concorrência. E também é bom que o reforço da Autoridade da Concorrência e a simplificação procedimental
sejam feitos com um largo consenso.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, em nosso entender, chegou, num certo sentido, a hora da verdade, em que
todos devemos estar à altura do momento, do País e dos sacrifícios que os portugueses estão a fazer. Sempre
dissemos que quanto maior for o consenso político e social maior é a possibilidade de cumprirmos os
compromissos externos que assumimos, mas também quanto maior for o compromisso político e social maior
é a probabilidade de podermos ajustar o nosso Programa às realidades dinâmicas, às vicissitudes que a União
Europeia e os países da zona euro têm sofrido e, com isso, de diminuir os sacrifícios a que os portugueses
estão a ser sujeitos. E isso, Sr. Primeiro-Ministro, é algo que todos nós, sem exceção, devemos ter em conta.
Sr. Primeiro-Ministro, concluo com duas perguntas.
O Sr. Primeiro-Ministro já aqui anunciou, e bem, a realização de um Conselho de Ministros sectorial, na
próxima terça-feira, dedicado à questão económica, onde irá apresentar um conjunto de medidas para
discussão. Creio que é uma decisão muito oportuna e que permitirá também perceber se estamos ou não
todos disponíveis para essa agenda de estabilidade e crescimento económico.