20 DE ABRIL DE 2013
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Sr. Primeiro-Ministro, não fomos nós, nesta bancada, que falámos em rutura democrática, não fomos nós
que recusámos discutir neste Parlamento a reforma do Estado. De resto, no Parlamento continua por cumprir
uma deliberação, legítima e maioritária, de constituição de uma comissão.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — E, mesmo neste caso limite, é bom recordar que mantivemos sempre a
serenidade, nunca fechámos a porta, apesar da postura dos partidos da oposição, e também do Partido
Socialista.
Aliás, o Partido Socialista, que hoje completa 40 anos — já tivemos ocasião de o felicitar por isso —, podia
até aproveitar a ocasião para oferecer uma prenda de anos ao País, mostrando a sua disponibilidade para
discutir neste Parlamento, de forma serena e séria, o futuro e a reforma do Estado e a reforma dos serviços
públicos, de forma que garantam eficiência e garantam a prestação do serviço de que os cidadãos precisam.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, é também verdade que, para além das questões
financeiras e orçamentais que temos de tratar, de resto como afirmou na carta que enviou ao Secretário-Geral
do Partido Socialista, o País precisa de projetar e desenvolver com os partidos políticos, com os parceiros
sociais, a dinamização da nossa economia e a criação de emprego.
Ao longo dos últimos dois anos, procedeu-se a várias reformas importantes. Desde logo, porque era um
pressuposto de todo o projeto de recuperação económica a estabilização do sistema financeiro, mas também
a alteração das leis laborais, a alteração de várias leis no domínio da justiça com impacto na atividade
económica, a alteração das regras no sentido de facilitar os investimentos do licenciamento industrial, a
criação de vários programas de apoio ao investimento das pequenas e médias empresas, a redefinição
estratégica do QREN. Todas essas foram medidas que são alicerces de uma política económica que visa e
visou criar condições para atrair investimento.
Mas também é verdade que, muitas vezes, entre estas decisões e o efeito na vida real das pessoas e das
empresas há um hiato de tempo que às vezes é demasiado longo.
Por isso, a pergunta que gostaria de lhe colocar, Sr. Primeiro-Ministro, é a seguinte: o que pensa o
Governo fazer para acelerar este efeito? Que medidas estruturantes têm sido tomadas no domínio da
economia que possam produzir efeito na vida das empresas e possam, de facto, estimular o investimento e a
criação de emprego? Que estímulos, que incentivos podemos, nesta ocasião, dar à economia para gerar esta
confiança e para gerar este investimento?
Finalmente, Sr. Primeiro-Ministro, ainda no domínio do apoio ao investimento e às empresas, o senhor
disse há pouco — e é verdade — que nestes 22 meses foi restabelecida a estabilidade no sistema financeiro,
mas é também conhecido que continua a haver algum excesso de aversão ao risco por parte do sistema
financeiro que é importante que possamos vencer e possamos modificar.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É verdade que esta semana, a esse propósito, vários responsáveis do
sistema financeiro afirmavam que não havia assim tanta procura e que já havia alguma liquidez no sistema
financeiro, mas também é verdade que as taxas de juro que estão a ser praticadas, os spreads, são ainda
muito elevados para garantirem um investimento sustentado. Para além disso, muitas empresas carecem hoje
não só do apoio a investimentos, como do apoio do sistema financeiro para reestruturarem as suas dívidas, os
seus planos financeiros e com isso viabilizarem negócios que, do ponto de vista económico, têm
sustentabilidade.
Sr. Primeiro-Ministro, de facto, é necessário que haja aqui alguma evolução na filosofia que o sistema
financeiro tem tido para com as empresas e não posso também deixar de lhe dizer que, desse ponto de vista,
o próprio banco público, a Caixa Geral de Depósitos, não pode deixar de dar o exemplo. Bem sabemos que,
num passado recente, a capacidade de crédito do banco público foi muito absorvida por investimentos feitos