I SÉRIE — NÚMERO 100
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — No Orçamento retificativo, o próprio Governo reconhece que a taxa de
desemprego continuará a aumentar, estimando um valor de 18,2%. Conhecendo nós a qualidade ou, melhor, a
ausência de qualidade das previsões do Governo, é previsível que o valor real do desemprego, no final do
ano, seja bem superior ao valor apontado no Orçamento retificativo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A política de austeridade, que o Governo insiste em impor aos mesmos de
sempre, empobreceu os portugueses, reduziu-lhes brutalmente o poder de compra, levando a uma queda
generalizada da procura interna e à consequente destruição do tecido empresarial, um tecido empresarial que,
como sabemos, é constituído maioritariamente por micro e pequenas empresas que laboram para o mercado
interno.
A política de austeridade, ao afundar a economia nacional, ao esmagar as micro e pequenas empresas,
provocou a destruição de centenas de milhares de postos de trabalho.
Também com as privatizações das empresas públicas o Governo promove o despedimento, com um único
objetivo: garantir avultados lucros aos futuros donos destas empresas. É o que se está a passar, por exemplo,
neste momento, com os CTT.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Hoje, de norte a sul do País, os trabalhadores desta empresa pública estão em
greve, em defesa dos seus postos de trabalho, mas também em defesa de um serviço público fundamental
para as populações.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Aproveito para, daqui, saudar os trabalhadores dos CTT e todos os
trabalhadores que, com muita coragem, lutam contra a sinistra política do Governo e da troica.
Aplausos do PCP.
«Chegou o momento do investimento! Chegou o momento de criar emprego!» — afirmou o Sr. Ministro há
apenas duas semanas. Para quem tivesse dúvidas de que este patético anúncio não passava de uma
gigantesca operação de propaganda, destinada, mais uma vez, a enganar os portugueses, a apresentação do
Orçamento retificativo veio dissipar essas dúvidas.
O Governo insiste na política de austeridade, uma política destruidora de emprego. E, como se isso não
bastasse, prepara-se para despedir dezenas de milhares de funcionários públicos, acrescentando mais
desemprego ao desemprego.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — E fá-lo, introduzindo no Orçamento retificativo uma norma que estabelece a
cativação de 2,5% das remunerações certas e permanentes de todos os serviços integrados e de todos os
serviços e fundos autónomos do Estado.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Desta forma, pretende forçar cada organismo público a enviar para a mobilidade
especial — antecâmara do despedimento — um em cada vinte funcionários públicos. «Escolham as vítimas»,
é o que esta norma do Orçamento retificativo diz aos dirigentes de cada serviço do Estado. «Escolham as
vítimas, escolham aqueles que serão lançados, em breve, para o desemprego!»