12 DE JULHO DE 2013
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O modelo PPP não é nem pode ser condição para o investimento público; pelo contrário, é urgente e
indispensável colocar um ponto final a esta opção por este modelo de negócio, assim como é urgente e
indispensável retomar e dinamizar o investimento.
A profunda crise económica em que o País se encontra, a estagnação e o crescente desemprego
reclamam, não o corte, mas uma forte aposta no investimento público de qualidade, induzindo o investimento
privado, promovendo a atividade dos setores produtivos, o crescimento económico e a criação de emprego.
A não ser interrompida, esta opção de forte quebra do investimento público e privado terá inevitavelmente
reflexos ainda mais desastrosos na economia nacional, no desenvolvimento regional e na vida das
populações, agravando as dificuldades de desenvolvimento das atividades produtivas e dos equipamentos
sociais e conduzindo o País para o desastre.
Neste quadro, é indispensável o reforço do investimento público como fator determinante para a
modernização e desenvolvimento do País e como resposta necessária aos profundos problemas com que
Portugal está confrontado, visando a dinamização do crescimento económico, o estímulo do aparelho
produtivo nacional e a criação de emprego, incrementando o investimento em todas as suas dimensões e
vertentes, na criação de equipamentos e serviços públicos vários, na reabilitação urbana, nos meios colocados
à disposição do poder local, nos serviços de educação e de saúde, na indústria, no ambiente, na energia, nas
comunicações e, evidentemente, também na mobilidade, transportes e logística.
Mas essa opção implica forçosamente a substituição do atual modelo de concessão a privados dos
projetos, construção, financiamento, manutenção e/ou exploração, por um modelo integralmente público, com
um papel determinante do conjunto das empresas do setor público, que garanta, do ponto de vista técnico, na
construção e manutenção de infraestruturas, a incorporação de uma elevada percentagem de produção
nacional.
O que é urgente e indispensável é, portanto, uma outra política, uma política patriótica e de esquerda e um
governo capaz de a concretizar, rejeitando o modelo PPP e defendendo o interesse nacional.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Também para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Encarnação.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Termina hoje a Comissão de
Inquérito, constituída há mais de um ano por esta Casa, que visava analisar as parcerias público-privadas do
setor rodoviário e ferroviário.
Recordo que este relatório é fruto do contributo de todos os partidos que fizeram parte desta Comissão e
recolhe, a nosso ver, o essencial de todos os testemunhos de um conjunto vasto de pessoas que nos
ajudaram a produzir os elementos aqui descritos.
Mas vale a pena perceber que, após mais de um ano de trabalhos, conseguimos produzir, através desta
Comissão de Inquérito, um documento que relata fielmente o que nela se passou, um relatório que tira
conclusões e ainda sugere muitas recomendações para o futuro. É, assim, um trabalho completo, se virmos o
propósito da constituição desta mesma Comissão de Inquérito.
Demonstrámos, assim, a todos e a nós próprios, que nos unimos num único propósito de analisar tudo o
que foi feito, apontar os erros sinalizados e recomendar práticas futuras.
Neste exato dia, em que o País mais se deve unir do que dividir, analisar os erros e corrigi-los, apontar
soluções e não divergir, este é o melhor exemplo que a política deve ter: o de encontrar sempre soluções, a
bem dos portugueses.
Qualquer uma destas bancadas poderá fazer a interpretação que quiser do relatório, mas permitam-me que
relembre apenas algumas das conclusões que, muito provavelmente, terão o acordo de todos os partidos.
Passo a elencar: a utilização massiva de parcerias público-privadas em Portugal, como forma de
financiamento do Estado, não cumpriu o seu objetivo fundamental de reduzir custos para o Estado e melhor
satisfazer as necessidades públicas; as opções políticas que serviram de base ao lançamento de parcerias
público-privadas foram o maior fator de influência do seu sucesso ou insucesso; os elementos que estiveram
na base da decisão de contratação das PPP foram de difícil acesso público, o que tornou estes processos de
contratação pouco transparentes e de difícil escrutínio pelos cidadãos; sendo o histórico de derrapagens