I SÉRIE — NÚMERO 17
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Se ouço o Deputado Jerónimo de Sousa a defender a nacionalização da banca posso não concordar, mas
não ponho em causa que está a defender o que acredita estar mais certo. Se ouço o Deputado João Semedo
criticar a posição do Governo em relação à troica, posso não concordar, mas não ponho em causa que está a
defender o que acredita ser melhor para o seu País.
Sejamos claros: nenhum Deputado desta Assembleia gosta mais do seu País do que eu, nenhum
Deputado desta Assembleia gosta mais do seu País do que qualquer membro do Governo e do que os
restantes Deputados da Assembleia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.as
e Srs. Deputados, há limites que todos devemos preservar, porque são esses limites que reforçam ou
minam a confiança das pessoas no sistema e nas instituições.
Mas regresso à questão do consenso, porque há uma segunda razão para repetirmos este apelo.
Disse, no Dia do Exército, que todos os soldados estavam obrigados a ser ministros das finanças, mas, na
verdade, os tempos que vivemos fizeram de todos os portugueses ministros das suas finanças. Os
portugueses estão obrigados a isso, a procurar soluções, a encontrar compromissos, a fazer contas, em todas
as suas decisões, nas mais pequenas e nas mais importantes. Todos os dias são obrigados a garantir o que é
essencial e a abdicar do que é desnecessário. Também eles reajustaram os seus custos e as suas vidas.
Da mesma forma, os empresários souberam reorganizar as suas empresas. Eles são também ministros
das finanças.
E todos nesta Sala temos uma obrigação maior para com esses cidadãos: garantir que o Estado tem
também as mesmas preocupações, que o Estado procura soluções, que faz contas, que garante o essencial e
abdica do que é desnecessário e garantir que também o Estado reorganiza a sua vida.
Deixem-me que dê como exemplo a defesa nacional e a reforma que estamos a desenvolver.
Alguém nesta Sala contesta a otimização de custos e o aumento da operacionalidade das Forças
Armadas? Todos nós estamos de acordo quanto aos princípios desta reforma. Podemos discordar desta ou
daquela medida, mas não dos seus fundamentos.
Foi isso que nos permitiu pensar, planear e estar a executar, em conjunto com as chefias militares, uma
das mais ambiciosas, coerentes e profundas reformas neste setor.
Esta é uma reforma verdadeiramente estrutural que perdurará para além desta Legislatura. Não por mérito
do ministro, mas, provavelmente, por causa do entendimento mais racional e menos apaixonado que todos os
partidos têm sobre esta matéria. Repito: menos apaixonado! Porque se falarmos sobre o Serviço Nacional de
Saúde ou sobre a escola pública em Portugal, o tom e as palavras voltam a mudar.
Não me surpreende a capacidade de diálogo e de entendimento dos partidos em matéria de defesa
nacional; o que me surpreende é a falta de capacidade de diálogo e de entendimento de alguns em quase
todas as outras matérias.
Sr.as
e Srs. Deputados: A necessidade óbvia, evidente e inteligível de reformar o Estado não desaparece
porque alguns decidem ignorá-la.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Não chegar a um entendimento agora significa que, em dois ou três
anos, estaremos novamente a discutir a reforma do Estado.
Alguns podem argumentar que há diferenças insanáveis. Ora, li que Loures vai ser governada, em
coligação, pelo PCP e pelo PSD, dois partidos tão diferentes que souberam entender-se em relação ao que
consideravam essencial. Se o PCP é capaz de chegar a um acordo com o PSD para governar uma câmara
durante quatro anos,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Não foi exatamente assim!