7 DE FEVEREIRO DE 2014
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De facto, o Governo PSD/CDS, que desde a sua tomada de posse conhecia perfeitamente a gravidade e
as consequências que estes contratos representavam para o interesse público, demorou mais de um ano para
começar a recolher informação. Só nesse período, entre a tomada de posse do atual Governo e o início da
recolha de informação, portanto, entre junho de 2011 e setembro de 2012, as perdas potenciais subiram, em
média, 3,6 milhões de euros por dia.
Acresce, ainda, que, depois de obter todos os dados e pareceres, o Governo PSD/CDS acabou por decidir
negociar com os bancos o cancelamento de uma parte desses contratos.
Foram mais de 1000 milhões de euros que esse negócio custou aos portugueses. Mais de 1000 milhões de
euros que o Governo foi buscar às pensões e reformas, aos salários e aos subsídios de quem trabalha, para
entregar aos bancos, apenas nesse negócio.
Mas esta gritante injustiça, de emagrecer os portugueses para engordar a banca, seria uma inevitabilidade
ou foi uma opção do Governo? É claro que foi uma opção. E foi uma opção porque havia outro caminho. Um
caminho que salvaguardasse o interesse público e poupasse os reformados e quem trabalha nesses 1000
milhões de euros que o Governo acabou por entregar à banca.
Como refere a consultora jurídica Cardigos, no seu parecer que consta do processo, «a nulidade dos
contratos swap especulativos podia ser arguida a todo o tempo e provocaria a destruição retroativa de todos
os seus efeitos, inclusivamente a restituição de tudo o que tivesse sido prestado no âmbito de contratos
nulos».
Foi, portanto, uma opção do Governo PSD/CDS, que, em vez de enfrentar judicialmente os bancos,
encolheu-se! Repito, em vez de enfrentar judicialmente os bancos, encolheu-se! Preferiu entregar mais de
1000 milhões de euros à banca, que os portugueses tiveram de suportar com o cancelamento desses
contratos. Foi uma opção, como, aliás, continua a ser uma opção, sobretudo para os contratos que ficaram de
fora desse negócio de cancelamento.
É por isso que Os Verdes consideram que, na afirmação do interesse público, o Governo deverá seguir
outro caminho, que não a negociação com os bancos. O Governo deverá fazer uso de todas as faculdades
legais que tem ao seu dispor para conseguir a nulidade dos contratos swap e garantir, dessa forma, o
interesse público, poupando os portugueses a mais sacrifícios.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria de começar por
agradecer aos Serviços da Assembleia da República, bem como aos Colegas pelas inúmeras sessões que
fizemos e pela forma, sempre cordata, como decorreram os trabalhos e o resultado deste relatório que, para
nós, é bastante factual.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Aliás, quase me apetece citar o Bloco de Esquerda, para surpresa de
muitos.
É verdade que o Estado, enquanto acionista, não foi um acionista responsável. É verdade, e o relatório diz
isso.
É verdade, e relembro, que se trata de investidores qualificados, o que quer dizer que fogem de qualquer
tutela, quer do Tribunal de Contas, quer da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), quer,
inclusivamente, do Banco de Portugal, e o que significa que estamos a falar de investidores que sabiam o que
estavam a fazer.
É verdade que as empresas escolheram fazer seguros de risco que, em si mesmo, representavam mais
risco do que aquele que pretendiam segurar. É verdade!
É verdade que as empresas utilizaram esse mecanismo para financiamento — veja-se o caso da empresa
Metro de Lisboa, que recebeu, à cabeça, 30 milhões de euros na assinatura de um swap.