I SÉRIE — NÚMERO 54
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O PS assinou o Memorando da troica, nunca se desvinculou deste Memorando; conjuntamente com o PSD
e com o CDS, aprovou um conjunto de instrumentos, entre os quais o tratado orçamental, que visa dar
continuidade às políticas da troica após a sua saída.
O que lhe pergunto, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, é se o PS está disponível para rasgar e rejeitar o
Memorando da troica, na versão atual ou em versões futuras; se o PS está disponível para rejeitar todos
aqueles instrumentos, incluindo o tratado orçamental, criados com o único objetivo de garantir que as políticas
da troica continuam para além de maio.
O PS está disponível para devolver os salários que foram retirados aos trabalhadores? O PS está
disponível para devolver as reformas a quem trabalhou e descontou uma vida inteira? O PS está disponível
para repor as prestações sociais? O PS está disponível para defender o Serviço Nacional de Saúde e a escola
pública, melhorando os serviços prestados às populações? O PS está disponível para pôr fim à política de
privatizações? O PS está disponível para exigir a demissão do Governo já?
Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, são estas questões que o PS tem de clarificar, e esse é o desafio que aqui
lanço: clarifique estas questões, Sr. Deputado! O PS está com esta política da troica ou está disponível para a
rejeitar e para enveredar por um novo rumo?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Laranjeiro.
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, agradecendo as questões que
colocou, permita-me que faça duas ou três notas.
Antes de mais, não nos junte aos partidos da direita.
Protestos do Deputado do PCP Paulo Sá.
Não, não!… Com o Memorando inicial comprometemo-nos, sim, mas o que está a ser aplicado pela maioria
de direita, pelo PSD e pelo CDS, não é o Memorando inicial, é algo muito diferente. Como já aqui referi, na
área da saúde houve cortes 75% acima daquilo que estava contratualizado. Não temos nada a ver com isso!
O Sr. Deputado falou no Serviço Nacional de Saúde e na escola pública. Ora, se há partido que está na
génese do Serviço Nacional de Saúde é o PS — não é só o PS, mas é o PS à cabeça. E o mesmo acontece
quanto à escola pública.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Viu-se o que fizeram quando eram Governo!
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — Durante muitos anos, quanto fomos Governo, apresentámos, aprovámos
e colocámos em prática Orçamentos do Estado para valorizar o Serviço Nacional de Saúde e para valorizar a
escola pública.
Lembra-se, Sr. Deputado, da aposta que houve no ensino pré-escolar com o ex-Primeiro-Ministro António
Guterres? Lembra-se da aposta que houve no ensino secundário, na ciência e na tecnologia, no ensino
superior com o ex-Primeiro-Ministro José Sócrates? Foi preciso aprovar Orçamentos do Estado e, como sabe,
o PCP votou sempre contra. O PCP votou sempre contra os Orçamentos do Estado do Partido Socialista que
deram origem a esses investimentos na saúde, na educação e na proteção social.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Fecharam escolas! Foram 3000 escolas primárias encerradas!
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — Há um momento que tenho de lhe recordar, Sr. Deputado, por muito que
lhe custe. É a vida!…
Protestos do PCP.
É verdade!… Têm de ouvir!… Sei que ficam incomodados mas, peço desculpa, têm de ouvir!