28 DE FEVEREIRO DE 2014
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Governo, de um Governo PSD/CDS-PP que, agora, vai ter o protagonista Paulo Rangel. É destas políticas que
ele vai estar a falar e, certamente, a defendê-las. Nós não as aceitamos.
No próximo fim de semana, vai decorrer o Congresso do Partido Socialista Europeu, em Roma, onde será
aprovado um manifesto. Posso dizer-lhe que tem contributos do próprio Partido Socialista e verá que nesse
manifesto há muitas das ideias e das posições que temos vindo a defender.
Mais austeridade, não. Esta é a opção das bancadas da direita — e, aí, estamos de acordo —, que só
veem esta linha política de empobrecimento, de empobrecimento do País, das empresas, da sociedade e de
quase desaparecimento da classe média.
E aqui aproveito para reforçar uma ideia: ainda ontem, o Ministro Pedro Mota Soares, na Comissão de
Segurança Social e Trabalho, de que fazemos parte, referia que vai haver mais cortes para milhares e
milhares de idosos. E disse-nos: «Bom, vai começar a haver aqui uns cortes, mas há um problema
informático…» — como se os problemas informáticos demorassem seis meses a resolver!… — «… e só no
segundo semestre é que vai haver retroatividade de uns cortes». Isto é, talvez em 26 de maio, na segunda-
feira após as eleições, vão começar a ser aplicados os cortes sobre as pensões de milhares e milhares de
reformados!
O Sr. José Magalhães (PS): — Uma vergonha!
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — É preciso denunciar isto!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queria concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — É preciso denunciar esta prática que o Governo tem vindo a desenvolver.
Todas as nossas políticas e propostas, seja a nível nacional, seja no plano europeu, têm este «chapéu», se
quiser, de desenvolvimento económico, de criação de riqueza, de criação de emprego, de apoio às pequenas
e médias empresas, no sentido dessa mesma criação de emprego e de riqueza, porque só assim
conseguiremos construir uma sociedade e um País mais coeso e mais solidário entre si.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, o Governo tem vindo a aplicar,
de forma diligentíssima, o programa da troica, um programa que foi negociado e subscrito pelo PSD e CDS,
mas também pelo PS.
Por isso, o PS partilha responsabilidades com o PSD e o CDS pela situação em que se encontra o País, e
o PS não pode querer pôr-se de fora.
Ao longo dos últimos três anos, no âmbito deste programa da troica, os portugueses têm sido vítimas de
uma política de empobrecimento, que passou, e passa, pelo corte dos salários, das reformas, das pensões,
das prestações sociais, pela degradação dos cuidados de saúde, da escola pública, enfim, uma política de
esbulho de direitos e rendimentos dos trabalhadores e do povo português com o objetivo de garantir os lucros,
as rendas, as benesses, os privilégios dos grandes grupos económicos e financeiros.
O Governo e a maioria parlamentar, nas últimas semanas, têm levado a cabo uma intensa campanha sobre
os alegados sinais positivos e sobre o fim do programa da troica, tentando fazer crer que a partir de maio tudo
mudará e que a vida dos portugueses será melhor. Mas, na realidade, Sr. Deputado, o Governo prepara-se
para continuar a política da troica, a política de empobrecimento, depois da saída formal da troica, que
ocorrerá em maio.
As medidas de austeridade, o ataque aos direitos laborais e sociais, o roubo dos salários e das pensões, o
ataque às funções sociais do Estado são, na ótica do Governo, para continuar, ou seja, o que o Governo e a
maioria parlamentar oferecem aos portugueses é mais empobrecimento, por muitos e longos anos.
Perante isto, Sr. Deputado Miguel Laranjeiro, interessa saber qual é a posição do PS, de forma muito clara,
sobre a continuação das políticas da troica.