I SÉRIE — NÚMERO 54
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Por outro lado, Sr. Deputado, quero dizer-lhe que quando o estava a ouvir lembrei-me de uma coisa.
Dentro do Partido Socialista, o senhor, supostamente, pertence ao «novo ciclo», mas o «novo ciclo» é muito
igual ao antigo. O que é que o senhor nos trouxe hoje, aqui? Nostalgia «sócratista». Não trouxe mais do que
isso!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Mais nada!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — «No nosso tempo é que era bom, nós é que estávamos a fazer bem»,
etc., etc… Lembrei-me do próprio ex-Primeiro-Ministro José Sócrates. De cada vez que ele era criticado, de
cada vez que alguém, no CDS ou no PSD, lhe dizia «o senhor está a ir para o abismo», o que é que ele
respondia sempre? Demagogia! Era o que ele respondia sempre.
O que é que podíamos dizer da intervenção que o senhor aqui acabou de fazer? Demagogia, Sr. Deputado.
Mas demagogia da má!…
O Sr. Deputado faz lembrar-me uma história, e já vou explicar-lhe porquê. O senhor diz: perguntem a este,
perguntem àquele, perguntem ao centro de saúde que fechou, perguntem ao tribunal que não sei o quê, vai
cidadão a cidadão, vai caso a caso, vai às páginas de sociedade dos jornais se for necessário fazer a
pergunta.
O senhor faz sempre a pergunta: porque é que o País está a passar por estas dificuldades? Só que o
senhor esquece-se de duas perguntas que são fundamentais, mas eu dou-lhe a resposta.
O senhor pergunta: o País está a passar dificuldades? Está. Mas esquece-se de fazer outra pergunta:
porque é que está a passar essas dificuldades? Porquê?
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora, nem mais!…
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sabe qual é a resposta? É esta: porque o País esteve à beira da
bancarrota e teve de assinar o Memorando de Entendimento. Esqueceu-se desta pergunta, Sr. Deputado. E
esqueceu-se ainda de uma outra pergunta: de quem é a culpa de estarmos nessa situação? Porque a culpa de
estarmos nessa situação é só, e tão-só, do Partido Socialista!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente,
Sr. Deputado, uma vez que o senhor tentou lançar aqui a campanha das eleições europeias, termino
dizendo-lhe — com estima e apreço pela escolha que fizeram do Dr. Francisco de Assis para candidato— que
é um pouco ridículo o senhor dizer que o Dr. Paulo Rangel, o Dr. Nuno Teixeira de Melo e aqueles que são
candidatos connosco são o rosto das dificuldades, enquanto Francisco de Assis, que foi o líder parlamentar de
José Sócrates, e Alberto Martins, que foi o ministro da Justiça de José Sócrates, não são os rostos de nada do
que está a acontecer agora, nada têm que ver com o Memorando, só têm que ver com o futuro do País. É
absolutamente ridículo, Sr. Deputado!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sabe qual é o problema, Sr. Deputado? O problema é que os senhores apostaram tudo em eleições
antecipadas. O senhor mostra muitos folhetos, eu posso mostrar um gráfico, que mostra que a taxa de
desemprego está a descer há três trimestres consecutivos, que mostra que estão a ser criados empregos há
três trimestres consecutivos.
Os senhores apostaram tudo em eleições antecipadas mas já perceberam que isso não vai acontecer, já
perceberam que os portugueses vão responder às vossas perguntas mas só para meados de 2015 e que a