17 DE OUTUBRO DE 2014
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Querem saber por que é que os portugueses não têm mais filhos? A
resposta é fácil: os portugueses não têm os filhos que querem mas, sim, os filhos que podem ter.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E os problemas da maternidade são exclusivamente da responsabilidade
do Governo PSD/CDS-PP, da política de direita que agrava a exploração e tira rendimentos e direitos à grande
maioria dos portugueses. Aí está a resposta ao problema.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe à Sr.ª Deputada Cecília Honório, do BE.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho, saúdo-a pela
apresentação desta iniciativa do PSD, mas não deixo de lhe perguntar se se sente confortável em fazer este
debate, hoje, face ao Orçamento apresentado ontem,…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — É de apoio à família!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — … se se sente confortável em fazer este debate, hoje, face a uma proposta
de Orçamento que arrasta a austeridade e diminui as prestações sociais, quando Portugal é um péssimo
exemplo no plano das prestações sociais dirigidas às famílias, tendo, aliás, um dos mais baixos índices ao
nível da zona euro.
Quero perguntar-lhe se não considera, neste debate que deve ser feito com toda a franqueza, que as
políticas do seu Governo tornaram este «inverno demográfico», cientificamente reconhecível, num «glaciar
demográfico».
Sr.ª Deputada, quero dizer-lhe que quando o Prof. Joaquim de Azevedo lançou o repto de que era preciso
passar das palavras aos atos, há mais quem tenha dado boas gargalhadas, porque, como deve imaginar, não
falta aos portugueses em idade para o fazerem, desejo de terem filhos. Aliás, o estudo reconhece que a
fecundidade desejada — 2,31 — é, simplesmente, o dobro da real.
Portanto, não falta aos portugueses desejo de terem filhos, de terem o dobro dos filhos que realmente têm.
O problema, Sr.ª Deputada, não está no desejo, o problema está na realidade resultante das políticas do seu
Governo.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Quando é que começou a baixa da natalidade?! Foi agora?!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — O problema está nesta evidência, Sr.ª Deputada: 3 em cada 10 crianças,
em Portugal, são carenciadas. Os últimos dados, divulgados recentemente, apontam para um aumento de 2%
do risco de pobreza infantil.
Mais, Sr.ª Deputada: há meio milhão de jovens que, em Portugal, nem estudam nem trabalham. Os
senhores «correram» com a juventude, obrigaram os jovens a emigrar. Há um desperdício extraordinário
relativamente a uma geração que foi obrigada a emigrar ou não têm oportunidades neste País.
É neste sentido que lhe quero perguntar qual é, afinal, a intenção desta iniciativa. É um ato de
arrependimento? É um ato de contrição? É uma estratégia de branqueamento dos danos sociais das políticas
do seu Governo? Ou é o período de pré-campanha eleitoral em que nos encontramos?
Na verdade, Sr.ª Deputada, se formos olhar para aquilo que hoje vamos votar, que é um projeto de
resolução, não podemos ignorar a componente resolutiva desse projeto. E o que é que lá está escrito? Nada,
Sr.ª Deputada, nada! A proposta que VV. Ex.as
hoje aqui trazem é que a baixa da natalidade se resolve com a
baixa à comissão. Sr.ª Deputada, não pode ser! Por que é que não há propostas concretas para nós podermos
discutir?
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Faça-as! Faça-as!