I SÉRIE — NÚMERO 36
42
Velhac (Tignous). Já em 2011 uma bomba fora colocada na mesma redação. Nem assim a publicação do
semanário foi suspensa, continuando a ser editado no Liberation: uma defesa obstinada da liberdade de
expressão que engrandece a publicação, o jornalismo e todos quantos em França, na Europa e em outros
lugares do mundo opõem a liberdade ao terror.
Este foi o mais grave ataque terrorista em França nos últimos 50 anos. O terror cobarde e absurdo contra a
vida e contra a liberdade de imprensa. O terror bárbaro e sem rosto. Contra aquele grupo, contra a França,
contra todos nós! Atravessa-nos a mesma revolta, uma longa vaga de indignação entre as lideranças políticas,
as nossas casas e os nossos bairros, e os media com os seus cartoonistas, que na arte exercem também a
liberdade.
Em Paris, o horror derramou-se sobre a vida — o maior bem — e sobre a liberdade de imprensa, esse
valor fundamental qualificado, na sua dupla dimensão de exercício do direito fundamental de expressão de
pensamento e de garantia objetiva das estruturas da democracia. Porque a liberdade de imprensa é condição
para a liberdade de todos, para o uso público da razão, para a liberdade de ser, de agir, de estar e de intervir
no mundo.
Em Paris, os valores universais foram atingidos, mas não vencidos! Não há morte para a Razão. A Razão
que é a matriz desses valores, que dá a dignidade igual e os direitos e é comum e transversal a todos.
E o terror não pode nunca ser percebido como próprio de grupos étnicos ou religiosos, de grupos culturais,
de nações ou regiões. O terror é o crime a que não ligaremos nunca a ideia de um mundo dividido ou da
pretensa existência de um conflito de culturas. O terror é o absurdo que a todos nos atinge e que juntos
combatemos.
A violência do terrorismo investiu desta vez contra os nossos jornais, esses lugares onde a liberdade se
exerce e a democracia palpita. Eles que são a síntese do nosso modo livre de viver e conviver.
É com os nossos princípios que nos defenderemos. Sem conceder. Sem qualquer tentação de os alterar,
de os revogar, de os suspender no todo ou em parte. O horror nunca nos trará a vertigem de desdizer os
nossos códigos. É com eles que combatemos.
Paris é agora o lugar que todos habitamos. O lugar onde se gera um novo ímpeto, um ímpeto de vontade
para uma luta abnegada e quotidiana pela dignidade e os direitos, a liberdade e a democracia.
A Assembleia da República expressa a sua consternação e o seu profundo pesar pelos acontecimentos de
Paris e exprime a sua solidariedade para com os familiares das vítimas, os trabalhadores do Charlie Hebdo e
todos os jornalistas.»
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, através da Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e
da Igualdade, o Governo também se associa a este voto.
Vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, queria também informar que, devido a um encontro de caráter partidário, os líderes dos
Grupos Parlamentares do PS e do CDS-PP não puderam estar presentes, tendo indicado à Mesa que também
manifestam apoio a este voto.
Peço, então, a todos, que guardemos 1 minuto de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Prosseguimos com as votações.
Vamos votar o projeto de resolução n.º 1210/XII (4.ª) — Deslocação do Presidente da República a Maputo
(Presidente da AR).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Passamos à votação do projeto de resolução n.º 936/XII (3.ª) — Recomenda ao Governo que considere a
execução da variante à estrada nacional n.º 14, entre os concelhos de Vila Nova de Famalicão, Trofa e Maia,