13 DE FEVEREIRO DE 2015
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Sr.ª
Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Sr. Secretário de Estado da Solidariedade
e da Segurança Social, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 4 minutos.
Srs. Agentes da autoridade, podem abrir as galerias.
Hoje, não temos expediente para leitura, pelo que peço aos Srs. Deputados o favor de tomarem os vossos
lugares para começarmos os nossos trabalhos.
O primeiro ponto da ordem do dia consiste num debate de atualidade, requerido pelo PCP, ao abrigo do
artigo 72.º do Regimento da Assembleia da República, para debater e questionar o Governo sobre as suas
responsabilidades no significativo aumento da pobreza no nosso País.
A abertura do debate será feita pelo partido da iniciativa, neste caso o PCP.
Para abrir o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.a Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: 2,7 milhões
de portugueses na pobreza. Eis o resultado das opções deste Governo e da sua política de direita, eis os
«bons resultados» do Governo PSD/CDS.
Bem pode o Governo PSD/CDS afirmar, falsamente, que o desemprego diminuiu, quando hoje temos
muitos mais desempregados do que em 2011.
Bem podem dizer que recuperaram a soberania do País enquanto continuam a entregar o País ao
estrangeiro.
Bem podem falar da recuperação económica enquanto a economia nacional se afunda.
A verdade é que os dados recentemente divulgados pelo INE demonstram a dura realidade que os
portugueses enfrentam e as consequências da política de direita e das opções deste Governo.
A fome, a exclusão social e a pobreza aumentaram de uma forma gritante no nosso País.
Os dados do INE também provam que o Primeiro-Ministro mentiu quando afirmou que a austeridade tinha
atingido mais os ricos do que os pobres.
Com este Governo, os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. E a afirmação do
Primeiro-Ministro de que os dados de 2013 do INE «não refletem a situação atual» é um embuste, porque
sabe muito bem que a realidade de 2014 e 2015 não é melhor, porque o que mudou, mudou para pior.
Como repetidamente afirmámos, as consequências das opções políticas dos PEC e da troica, sobretudo
deste Governo PSD/CDS, com os cortes nos salários, nas reformas, nas prestações sociais, o gigantesco
aumento de impostos sobre quem trabalha e o ataque aos serviços públicos, apenas podiam levar a um
agravamento, sem precedentes, da pobreza no nosso País.
Os dados provam que este Governo PSD/CDS está a escrever uma das páginas mais negras da nossa
história e a provocar o pior agravamento da pobreza no nosso País, desde o fascismo.
Os dados divulgados pelo INE, resultante do inquérito às condições de vida e rendimentos dos
portugueses, referentes ao ano de 2013, deixam claro que a pobreza no nosso País não para de aumentar,
bem como não para de aumentar a injustiça na distribuição da riqueza nacional.
De acordo com o INE, o risco de pobreza aumentou significativamente em 2013, atingindo o valor mais
elevado desde que estes inquéritos são realizados.
Assim, o risco de pobreza, em 2013, atingiu os 19,5%, ou seja, cerca de 2 milhões de portugueses eram
pobres em 2013. Mas, como também refere o INE, se se corrigir o efeito do abaixamento generalizado dos
rendimentos dos portugueses, então chegamos à conclusão de que estão efetivamente em risco de pobreza
25,9%, ou seja, cerca de 2,7 milhões de portugueses.
Em apenas três anos, o PSD e o CDS atiraram mais de 629 000 pessoas para a pobreza. Se aos três anos
do Governo PSD/CDS juntarmos o ano de 2010 — da responsabilidade do Partido Socialista —, então temos
808 000 pessoas atiradas para a pobreza em resultado dos PEC e das troicas nacional e estrangeira.
Mas mais: o INE refere que 40,5% dos desempregados estão em risco de pobreza e 10,7% dos
trabalhadores, mesmo trabalhando, são pobres.