I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — Sr. Ministro, que País é este onde os níveis de pobreza extrema, de
pobreza nos idosos, de pobreza nas crianças são catastróficos e estão a piorar? Em 2013, havia 19,5% das
pessoas em risco de pobreza, após a aplicação dos apoios sociais.
Sr.as
e Srs. Deputados, recuámos uma década no combate à pobreza em Portugal, andámos para trás!
Hoje, há mais de 2 milhões de portugueses em situação de pobreza, 470 000 crianças em risco e as
desigualdades, ainda por cima, aumentaram. Isto é, os mais ricos estão cada vez mais ricos relativamente aos
mais pobres.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Isso não é verdade!
O Sr. Miguel Laranjeiro (PS): — É verdade!
Srs. Deputados, que País é este e que Governo é este que olha para tal situação com indiferença?
Protestos do PSD.
Aliás, como percebemos pela intervenção do Deputado Artur Rêgo, do CDS-PP.
E não falo só da pobreza ligada ao rendimento, e já não seria pouco se fosse só ligada ao rendimento; falo
também do PSD e do CDS-PP terem montado um programa claro de cortes salariais, de diminuição dos
rendimentos, de aumento brutal dos impostos e, para além disso, de terem desvalorizado os serviços e as
respostas públicas; quando, com algum cinismo à mistura, acabaram com a formação de adultos; quando
acabaram com a formação profissional; quando diminuíram o rendimento social de inserção e o complemento
solidário para idosos. Estes programas com grande capacidade no combate à pobreza, segundo o Governo,
estão a impedir que os portugueses possam sair de uma espiral de pobreza.
Srs. Deputados, infelizmente, o pior não passou. O risco de pobreza nos idosos está a aumentar de uma
forma expressiva, ao mesmo tempo que o complemento solidário para idosos diminui, provando que uma
coisa tem uma relação direta com a outra. À medida que cortam o complemento solidário para idosos,
aumenta o risco de pobreza nos idosos, e isto é preciso dizer!
Protestos do PSD.
A educação, a formação, o emprego, os rendimentos do trabalho, os apoios socias básicos são cruciais
para o rompimento deste ciclo de pobreza.
Que País é este e que Governo é este que ataca o Serviço Nacional de Saúde, que desvaloriza a escola
pública, promovendo outros serviços privados, é certo, e separando e dividindo a população entre os que
conseguem chegar lá e os outros que ficam para trás? Que País é este? Rejeitamos esta visão. Somos um só
País e um só povo!
Há dificuldades? Sim! Mas o combate tem de ser efetivo, justo, equitativo, permitindo que todos possam
estar na carruagem da frente do desenvolvimento, do conhecimento, do crescimento e de uma vida decente. O
que os senhores querem é ver uns poucos na carruagem da frente, a maioria nas carruagens de trás, mas
cada vez mais os portugueses e as portuguesas estão fora de qualquer carruagem do desenvolvimento,
escondidos debaixo do tapete. Só os amigos do Governo é que lá ficam, Sr. Ministro!
Protestos do PSD.
Veja o que aconteceu com as nomeações na segurança social. Em 18 nomeações para diretores distritais,
já foram nomeados 14, em que 11 são do PSD e 3 são do CDS-PP. Enquanto despedem mais de 600
funcionários da segurança social, nomeiam 14 diretores!
Que País é este, Srs. Deputados? Pode ser muita coisa, mas não é um País solidário, não é um país que
não deixa ninguém para trás nem que ajuda quem mais precisa.
Não sei se é mais grave não tomar medidas para combater esta situação ou se é a insensibilidade com que
o Governo enfrenta esta matéria. Mas os portugueses já perceberam que, com esta maioria, não vamos lá!