2 DE MAIO DE 2015
49
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente e Srs. Deputados: Os projetos de resolução que hoje
aqui discutimos têm todos a valorização, em particular, de algumas matérias concretas.
O PSD propõe uma estratégia para o aprofundamento da cidadania e da participação democrática e
política dos jovens. O PS recomenda a valorização da educação para a cidadania em todos os ciclos dos
ensinos básico e secundário. O PCP quer mais apoios ao associativismo juvenil. O Bloco de Esquerda quer
mais formação nas escolas sobre os direitos sexuais e reprodutivos.
Ou seja, Sr. Presidente, cada um dos partidos pretende que as escolas apoiem e desenvolvam formações
dos assuntos que, para si, são fundamentais no âmbito da formação individual dos alunos.
E eu acrescentaria outros, Sr. Presidente, porque mais temas fundamentais haveria. Reconhecemos a
importância destas questões e juntar-lhes-íamos as ambientais, as relacionadas com a saúde, o bem-estar, a
formação financeira, a formação para a segurança na Internet para que os jovens não exponham
demasiadamente a sua vida particular. Enfim, muitos outros exemplos com certeza se arranjariam.
E o ponto do CDS, Sr. Presidente, é exatamente esse. Nós não podemos, por um lado, querer dar
autonomia às escolas para tomarem decisões e optarem por um projeto educativo que entendem o mais
importante e, por outro, ter o Ministério da Educação, por cima, a dizer: «Não, não, aquilo que é mesmo,
mesmo importante é a educação sexual» ou «Aquilo que é mesmo, mesmo importante é que no ensino básico
haja uma disciplina obrigatória de educação para a cidadania». Até porque, Sr. Presidente, o movimento das
disciplinas organizadas da maneira como as conhecemos parece mais próximo da escola que existia há 100
anos do que daquela onde se desenvolvem formas mais progressistas, como acontece na Finlândia ou em
França, ou até, aqui, em Portugal, em escolas que, com contrato de autonomia — e nós gostaríamos que mais
houvesse —, trabalham de uma forma um pouco diferente desta que temos, antiga, diria, de olhar para um
determinado número de disciplinas, organizadas de uma forma mais clássica ou mais tradicional.
Por isso, Sr. Presidente, para nós, um dos valores fundamentais neste debate — e reiterámo-lo várias
vezes nesta Legislatura — é o da autonomia. Foi por isso que optámos por não apresentar, neste debate, um
projeto de resolução, porque não queremos ser nós a dizer que são as escolas que têm de optar por este ou
por aquele caminho…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Não têm feito outra coisa!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … para oferecer um projeto educativo mais abrangente aos seus
alunos. O que acreditamos é que o Ministério e a Assembleia da República devem facilitar, criar pontos de
contacto, ajudar a que as escolas cumpram o seu objetivo e proporcionem aos alunos os apoios de que eles
necessitam.
É por isso, Sr. Deputado José Soeiro, que vai permitir-me dizer-lhe que, quando se dá mais autonomia às
escolas, permite-se que as escolas sejam tudo o que o Bloco de Esquerda quer, mais insurgentes ou menos
insurgentes.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Não sei muito bem o que é que isso é, mas sei o seguinte: a escola,
para servir a comunidade, deve ter autonomia para ter ferramentas que lhe permitam fazer isso.
Naturalmente, não estará lá o manual do anarquista, insurgente ou uma coisa do género, Sr. Deputado,
mais isso, convirá, não é um dos objetivos que a maior parte das famílias queiram para os projetos educativos
dos seus filhos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr. Presidente.