15 DE ABRIL DE 2016
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É em atenção à necessidade de prosseguir a trajetória dos últimos anos de afirmação da competitividade
externa da nossa economia e ao valor estratégico que a inovação desempenha neste quadro que o PSD
submete ao Parlamento um projeto de resolução contendo 33 medidas e linhas de atuação neste domínio-chave
das políticas públicas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — É nosso entender que uma aposta de sucesso em políticas públicas
favoráveis à inovação incida em quatro áreas fundamentais: reforço dos escassos mecanismos de financiamento
do empreendedorismo e capital de risco; transferência de conhecimento do meio académico para o meio
empresarial; criação de um ecossistema favorável à assunção de risco; e inovação e atração do investimento e
de investidores estrangeiros. Em qualquer um destes domínios, Portugal fez progressos nos últimos anos.
Apesar das fortíssimas restrições orçamentais implicadas no Programa de Ajustamento a que formos
forçados, conseguimos manter níveis de afetação de recursos orçamentais à investigação e desenvolvimento,
fundamentais para a inovação, próximos dos seus máximos históricos. Em 2015, atingiram um montante próximo
de 1800 milhões de euros, ou seja, 1% do PIB, o valor mais elevado de sempre, só atingido em 2010.
Sem investimento, não há inovação, embora a inovação não decorra necessariamente da existência de
investimento. Na verdade, se o Governo quer continuar a apostar no investimento e na inovação tem de cortar
a direito com as políticas de reversão que tem vindo a manter.
Um Governo que funda a construção do seu primeiro Orçamento em aumentos fortíssimos de impostos
indiretos, isto é, em impostos sobre a produção e o consumo não pode admirar-se que a confiança de quem
investe lhe seja retirada.
Um Governo que aposta numa estratégia de confrontação na Europa e procura afirmar alinhamentos
internacionais com a Grécia, do Syriza, não pode, em circunstância alguma, surpreender-se com o facto de
muitos investidores terem passado a, legitimamente, temer pelo futuro.
É ao Governo e a mais ninguém que compete arrepiar caminho: pôr o País à frente das agendas eleitorais
escusas e responder com sentido de Estado à deterioração visível do ambiente económico.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Já esgotou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
É ao Governo e a mais ninguém que compete adotar medidas que permitam desmentir a sucessão de
projeções cada vez mais sombrias para a economia portuguesa e a acumulação de sinais que parecem
confirmá-las.
O PSD está disposto a discutir programas construtivos, assentes em apostas de valor estratégico para o
País, como é a inovação na economia. Mas é ao Governo e a mais ninguém que compete inverter o caminho e
criar o ambiente de confiança sem o qual tudo não passa de promessas vãs e de propaganda inconsequente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — A Mesa regista pedidos de palavras de dois Srs. Deputados do PS.
Tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo Bexiga.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, há muito
tempo que a economia nacional sente a necessidade e exige uma estratégia de mudança impulsionada por
processos de inovação e de modernização, de uma visão estratégica que apontasse um caminho e definisse as
prioridades fundamentais para a economia nacional e para as políticas públicas que a apoiam.
O ponto atual de situação, de que hoje partimos, é tradutor da urgência desta visão estratégica: a economia
nacional foi duramente atingida pela crise económica causada pelas políticas de austeridade e pela estratégia
de destruição criativa do último Governo, que afetou gravemente o funcionamento das empresas e que destruiu
o impacto positivo das políticas públicas seguidas pelos Governos do Partido Socialista.