O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE ABRIL DE 2016

31

Pausa.

O quadro eletrónico regista 207 presenças, às quais acrescem os Srs. Deputados António Filipe (PCP), Diogo

Leão (PS), Assunção Cristas (CDS-PP) e Luís Monteiro (BE), perfazendo 211 Deputados, pelo que temos

quórum para proceder às votações.

Srs. as e Srs. Deputados, vamos começar pelo voto n.º 62/XIII (1.ª) — De pesar pelo falecimento do ator e

dramaturgo Francisco Nicholson (PSD, PS, BE, CDS-PP e PCP).

Peço à Sr.ª Secretária da Mesa, Idália Serrão, para ler o voto.

A Sr. Secretária (Idália Salvador Serrão): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte

teor:

«Faleceu, no passado dia 12 de abril, Francisco António de Vasconcelos Nicholson, mais conhecido como

Francisco Nicholson, grande ator, argumentista televisivo, dramaturgo e encenador português.

Nascido a 26 de junho de 1938 no seio de uma família ligada às artes, Francisco Nicholson começou muito

jovem, apenas com 14 anos, a fazer teatro no antigo Liceu Camões, sob a direção do encenador e poeta António

Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade Portuguesa.

Depois de ter estudado em Paris, onde frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire

ao lado de grandes nomes do teatro francês, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe, Francisco

Nicholson estreou-se, profissionalmente, como ator e autor, com a peça infantil Misterioso Até Mais Não, no

Teatro do Gerifalto.

Fez parte dos elencos da Companhia Nacional de Teatro e do Teatro Estúdio de Lisboa onde representou

grandes textos da dramaturgia mundial, de autores como Strindberg, Kleist, Bernard Shaw, Arnold Wesker,

Davis Storey, Apollinaire, e outros.

A convite de Raul Solnado, esteve presente na inauguração do Teatro Villaret, integrando o elenco da peça

O Inspector Geral de Nicolau Gogol.

Foi no Teatro ABC que Francisco Nicholson se popularizou com o teatro de revista. Tendo-se estreado com

O gesto é tudo ao lado de Eugénio Salvador, Camilo de Oliveira, a brasileira Berta Loran e um grande elenco,

foi com Gente nova em bikini que se afirmou como autor, ator e encenador de revista. Após o 25 de Abril de

1974, juntamente com outros grandes nomes do teatro nacional ajudou a fundar o Teatro Adoque, na zona do

Martim Moniz, em Lisboa.

Na televisão deu-se a conhecer com o programa Riso e Ritmo (1964), tendo sido o autor de várias novelas,

nomeadamente de Vila Faia, a primeira telenovela portuguesa, e de várias séries como Origens (1983), Cinzas

(1992), Os Lobos (1998), Ajuste de Contas (2000), Ganância (2001), O Olhar da Serpente (2002), entre outras.

Autor de algumas dezenas de espetáculos, quase sempre encenados e dirigidos por si próprio, Francisco

Nicholson foi também um dos autores da canção Oração com que António Calvário venceu o primeiro Grande

Prémio TV da Canção.

No cinema, assinou os guiões dos filmes Operação Dinamite (1967) e Bonança & C.ª (1969) de Pedro

Martins.

A par da sua vasta carreira ligada ao teatro, à televisão, à música e ao cinema, Francisco Nicholson colaborou

também no suplemento A Mosca, do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Sttau-Monteiro, em A Bola, Diário

Popular, Capital, Jornal de Notícias e Norte Desportivo.

Em 2014 escreveu o seu primeiro romance, Os mortos não dão autógrafos, que dedicou à mulher, a atriz e

bailarina Magda Cardoso.

Francisco Nicholson foi distinguido com a medalha de ouro de mérito cultural atribuída pela Câmara Municipal

de Lisboa e também foi galardoado pela autarquia de Oeiras.

Homem de inúmeros talentos, mas também dotado de uma sensibilidade e dimensão humana notáveis,

Francisco Nicholson gostava de citar António Machado, poeta espanhol dizendo que o caminho faz-se

caminhando.

Portugal está mais pobre com o desaparecimento de Francisco Nicholson, indiscutivelmente um grande vulto

da cultura portuguesa.

Páginas Relacionadas
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 55 32 A Assembleia da República presta um merecido t
Pág.Página 32